Ko Phi Phi – Thailand

26 de setembro de 2009

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Ko Phi Phi foi um lugar que me deixou curiosa Durante nosso caminho, cruzamos com pessoas que estavam fazendo o sentido inverso de nossa viagem, e ate o momento, nao houveram duas impressoes semelhantes sobre este mesmo lugar. Segundo os australianos que encontramos em Phuket, as aguas de phi phi eram tao claras como as do Tamisa, o que eu acho o maior exagero…Mas, pesquisando na internet, os artigos que encontrei tambem nao foram muito animadores…

Aparentemente, Ko Phi Phi (que na verdade entende-se como Ko Phi Phi Don),  nos anos 40 era uma pequena ilha povoada por pescadores e tida como um dos lugares mais belos do mundo.  A pesca deu lugar as plantacoes de coco, como principal fonte de economia e mais tarde, veio o turismo.

Ate que, Ko Phi Phi Le, uma das ilhas proximas, foi a escolhida como cenario para o filme ‘A Praia’ e desde entao, Ko Phi Phi Don, vem sido constantemente invadida por uma multidao de turistas e com eles, uma producao enorme de lixo.

Em 2004, veio a catastrofe do Tsunami. Sua bela costa virou um verdadeiro mar de destrocos que, mesmo com apoio de varios voluntarios vindos de diversas partes do mundo, ainda nao foi completmente refeita. E, consequentemente, o turismo para aqueles lados tambem pereceu.

Mas deixando de lado tudo o que li e ouvi, decidi ter minha propria opniao sobre o lugar.  Assim, chegamos a Ton Sai Beach.

Paramos num dos restaurantes proximos para almocar e, enquanto o Al descansava, fui atras de acomodacao.

Outra coisa que escutei bastante foi sobre os precos dos hoteis locais…Tudo bem, ao inves de pagar 5 dolares, vamos pagar 10…Mas olha, pra quem comecou a viagem na Inglaterra, pagando 160 dolares por uma f… balsa, isto tudo aqui eh fichinha…

Nenhuma cidade na Tailandia se parece com outra. Claro, ainda encontramos os 7 elevens, os restaurantes que mostram filmes piratas, as lojinhas com roupas hipongas, eh como aquela camiseta que vemos a venda em todos os lugares: ‘same, same, but different…’ . Os lugares por aqui sao assim.

Cada uma tem sua peculiaridade e aqui em Ko Phi Phi, me sinto como se estivesse numa convencao sobre mergulho… No caminho para o centro, encontro uma fila interminavel de escolas, com uma galerinha bonita e bronzeada na porta distribuinto panfletos de cursos.

Pegamos alguns e, qdo achamos um lugarzinho legal para ficar, estudamos qual curso escolher. Eles nao sao baratos mas, considerando que voce pode obter sua licenca (que eh universal) e comparando qto pagariamos para fazer este curso em outros lugares, achamos que valia a pena.

Reservamos o curso e, no dia seguinte, as seis da manha, seguimos para a escola. A instrutora nos deu um curso teorico rapido e assim, partimos para o alto mar.

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Confesso que mergulho nunca foi muito minha pira, mas o caminho para la e simplesmente maravilhoso, as aguas do mar possuem uma coloracao maravilhosa e, por entre rochedos de calcario, ancoramos no que nos pareceu ser as proximidades de Ao Maya.

O curso em si, bem, nao posso falar muito. Achei horrivel. Logo que comecamos a descer os primeiros metros, ja me deu uma sensacao horrorosa de que nao deveria estar ali, embaixo da agua. Ver a luz do sol por baixo da agua ir gradualmente se afastando me trouxe uma sensacao horrivel, como se eu estivesse sendo enterrada viva e naquele momento quiz sair dali.

A instrutora ficou me segurando para eu esperar, and that did it for me… Sai de la mesmo assim,  e voltei para o barco.  Fiquei la conversando com uma menina de israel, que tambem nao era muito fa de mergulho. Alias, em nossa viagem, encontramos com varios israelenses, principalmente na India. Eles, quando terminam o servico militar em Israel (que e obrigatorio para homens e mulheres),  geralmente tiram umas ferias pelo mundo.

Depois de algumas horas, o Al voltou para o barco tambem, maravilhado com a variedade de peixes que ele viu por la.

Voltamos para Ton Sai e a noite, fomos explorar a cidade, o que da pra fazer em quinze minutos, ja que o centro e bem pequenininho…

A noite aqui e agitada, mas comeca tarde.  Como estavamos cansados do dia cheio, voltamos para nosso hotel.

No dia seguinte, resolvemos explorar a ilha melhor. Seguimos por uma trilha, a caminho da Long Beach, uma praia mais distante e mais tranquila da muvuca de Ton Sai.  O caminho nao era muito dificil de ser seguido e, em poucos minutos chegamos ao nosso destino.

Ali, pela areia branquinha, naquele sol gostoso, nos largamos…Ao nosso P1050201

P1050206lado, um bando de brasileiros barulhentos, como nos somos, destilavam suas desventuras da noite anterior. Como nao pareco brasileira, eles nao fizeram a menor questao de baixar o tom de suas vozes, e finalmente descobri o que os homens falam quando estao em bando…um monte de besteiras hahahahha.

Uma hora tava no mar e um deles apareceu por la, puxei papo. Eles moravam na Australia, para onde estou indo morar tambem, e em alguns minutos de conversa, comecei a sacar um pouco sobre a vida por la.

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Tem muito a ver com a v ida em Londres, eles estavam como estudantes, mas trabalhavam em construcao, o que dizem que paga super bem. COm o que ganhavam, gastavam viajando, pela Asia. Trocamos notas de viagens e nos despedimos.

Eu e o Al tinhamos umas mascaras de mergulho e fomos fazer um pouco de scuba, no canto da praia. Me arrependi de ter desistido do curso tao cedo, ja que realmente, o mar da Tailandia e repleto de vida marinha. Peixes coloridesimos passeavam tranquilamente por entre as pedras, a vegetacao tambem e super exotica, da para passar horas por ali, apenas vislumbrando aquele cenario.

 

Comecou a chover, e decidimos pegar a trilha de volta para Ton Sai. A noite, decidimos nos aventurar pelos bares mais badaladinhos da praia, mas pra dizer a verdade, depois das baladas monstruosas de Ko Pha Ngan, qualquer lugar vai parecer um pouco sem-graca…

No dia seguinte, partimos para Railay.

Phuket – Tailandia

25 de junho de 2009

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Antes mesmo de entrar no barco, ja sentia o balanco do mar…A ressaca da festa da noite passada tava animal. E, encarar uma viagem de barco agora era tudo o que precisava, aiaiaia….Mas beleza. Estamos tentando chegar ate Phuket, um dos destinos mais visitados do pais, ou seja, um dos mais turisticos. Confesso que, se nao tivessemos que ir para la, provavelmente nao iriamos. O ter que ir para la se traduz no fato de que a mae do Alistair resolveu passar ferias na Tailandia e escolheu logo ali.

Entao, assim sendo, seguimos para la. Compramos nossa passagem para Phuket numa agencia ao lado do porto, seguindo indicacao de funcionarios que trabalhavam no proprio porto.

Assim que embarcamos, ja subimos para o deck e ali, deitados no conves, fomos dividindo espaco com uma galera que deveria estar tao ressacada quanto nos. O caminho ate que foi bem prazeiroso, o barco nao estava balancando muito e um vento gostoso estava soprando contra nos.

Ate que, comecou a cair uma puta chuva. A galera do conves logo seguiu para dentro do barco, mas eu e o Al continuamos ali, sem nos abalarmos.

Foi uma delicia, naquele calorao, agente ali deitado no barco que seguia com uma certa velocidade, sentindo aquela chuva aos poucos ir nos encharcando…Olha, descobri a cura da ressaca!!! E isto, pegue um barco, deite no conves em plena tempestade e, em poucos segundos voce vai se sentir de volta a vida, ahahhahaa.

Chegamos na baia e, conforme o combinado, um onibus estava a nossa espera. Seguimos com ele ate que ele de repente parou num restaurante no meio do nada. Ali descobrimos que deveriamos esperar pelo nosso proximo transporte. E assim o fizemos por meia, uma, uma hora e meia, duas horas!!!!

Quando nosso proximo transporte chegou, quase cai para tras, era um destes carros abertos, quase que um rickshaw, mas maiorzinho….Como iriamos ir ate Phuket, um caminho de quase 4 horas, ali, naquele banco de ferro, pendurados ali na traseira???

Explicacao, eles iriam nos levar ate a proxima parada, um outro restaurante, onde iriamos aguardar nosso proximo transporte. Olhando a nossa volta, percebi que a insatisfacao era geral. E imagina, depois da baladona de ontem, ter este perrengue todo com o transporte…E e uma situacao onde voce fica totalmente impotente, o que voce vai fazer? Estavamos ali no meio do nada, o jeito era respirar fundo e seguir viagem.

Apos cerca de uma hora, ele nos deixou no restaurante combinado. Outros carros do mesmo tipo estavam tambem deixando outros turistas ali. E ali permanecemos, por uma, duas, tres horas. Cada vez que perguntavamos o que havia acontecido com o onibus, os funcionarios respondiam que ele estava para chegar.

Quandoviramos nossa terceira hora de espera, tava na cara que havia algo de errado e nao aguentei, cheguei para o gerente e exigi uma explicacao.Um grupo de israelenses tambem aderiu a briga, e apos muito pressionarmos o sujeito, este revelou que o onibus estava no conserto e que chegaria em breve….

Depois de uma hora, ele chegou. Exaustos, apenas subimos, e assim que entramos, apaguei. Vez por outra acordava para dar uma olhadinha pela paisagem, e la fora, mesmo no escuro, avistava penhascos acizentados, por entre a vegetacao tropical.

Ja eram umas 11 horas da noite, de repente o onibus parou numa agencia de viagens e disse que nos deixaria por ali, se reservassemos a acomodacao com eles, nos levariam ate la, se nao, nos deixariam ali no meio do nada.

Mais uma vez, eu e o Al demos um piti e descobri qual a melhor maneira de argumentar com essa galera: colocamos as mochilas no carro e exigimos que nos levassem ate nosso hotel. E assim, muito depois da meia-noite,chegamos ao hotel que a mae do Alistair estava hospedada.

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Hotel nao, resort…A mae do Al estava ficando num resort, em Nakalay Beach, ha uns 20 minutos de carro de Patpong, a praia mais conhecida. Chegamos no lugar e causamos, o lugar era simplesmente maravilhoso, um casarao de madeira todo decorado em estilo tailandes. E nos ali, descabelados, de chinelao, ainda ressacados, e exaustos da viagem.

Foi surreal…O concierge logo encontrou nossa reserva e seguimos com um dos funcionarios num destes carrinhos tipo de campos de golf, ate nosso bangalo.

Nosso quarto era impecavel, com uma decoracao toda clean, flores e ate banheira de hidromassagem e, comparando com os ultimos dias, onde nem agua quente tinhamos, caimos na cama e desmaiamos, literalmente.

Pela manha, depois de tomar um cafe maravilhoso, fomos ate a piscina do hotel. O engracado e que, mesmo com este luxo todo, convertendo o preco da diaria ali, meu, em Londres mal daria para pagar um quarto de solteiro num hotelzinho meia-boca. Mas, como jah disse antes, mochileiro eh pechincheiro e com certeza, se visitassemos a regiao, talvez nao ficassemos ali.

Mas foi legal ter um pouco mais de conforto, se bem que nem sempre isto significa mais diversao…

Encontramos com a mae do Alistair e seguimos no periodo da tarde para Patpong.

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Phuket para mim e como uma mulher bonita, mas que usa muita maquiagem. E que usa roupas cafonas. As praias, como em toda a Tailandia, nao desapontam, sao lindas. Mas parece que a exploracao turistica ali foi mais violenta. Na rua principal de Patpong, ha um amontoado de bares, restaurantes e lojinhas em geral que lembram um pouco o centro do Guaruja, em Sao Paulo.

Muitas lojas de alfaiates. Alias, Nesta parte do mundo, este tipo de servico eh bem popular, ja ouvi dizer de pessoas que veem para a regiao apenas para encomendar ternos, que aqui sao feitos sob medida e com o tecido que voce escolher. Checamos uma meia duzia de lojinhas e o Al decidiu fazer um terno.

Pela rua principal, varios sinais de rota de escape caso aconteca um novo Tsunami, como o que ocorreu em 2004, causando cerca de 250 mortes apenas em Phuket. Tenho um amigo que estava na regiao bem naquela epoca, como muita gente deve ter tambem. Mas segundo ele, o evento deve ter sido aterrorizador. O hotel dele ficava bem na regiao em que estamos e, quando as aguas do mar retrocederam, o panico comecou a se instalar no local. Muita gente correndo e gritos por todos os lados. Ele estava na piscina do hotel e, naqueles poucos segundos que tinha para tomar uma decisao, decidiu subir ate seu quarto para buscar a esposa.

E foi a decisao certa, pois quando a grande onda atingiu a terra, as aguas cobriram ate o terceiro andar do hotel e provavelmente varreram aqueles que correram em direcao ao centro da ilha.

Hoje em dia, fora estas plaquinhas que encontramos a cada esquina, pouco ha o que se relembrar deste periodo e imagino como a reconstrucao da area deve ter sido rapida.

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Dizem que voluntarios de todas as parts do mundo chegaram ao pais e junto com a populacao local, reergueram bem rapidamente as areas mais visitadas  e o turismo ao pouquinho foi sendo recuperado, embora ainda esteja operando com um volume de 30% abaixo da media de antes. Isto talvez explique um pouco os precos absurdamente baixos de muitos locais por onde passamos.

Patong eh famosa por sua  vida noturna e, certamente a julgar pelo grande volume de bares e clubs, acredito que deve ser mesmo. E tambem famosa pela prostituicao e, ao nosso redor ha mesmo um ambiente meio ‘tacky’, meio duvidoso, e ate meio deprimente. Vi um senhor ingles andando na rua com uma das meninas locais e, segurando ela pela camisa, percebi que para algumas pessoas, esta e a solucao para namorar, ja que nao levam muito jeito com mulheres mesmo.

Os bares tambem, nao sei, transpiram uma atmosfera meia estranha, talvez comercial demais, o que para nos nao tem teve nenhum apelo, e dei gracas a Deus por ter conhecido outros lugares do pais, com baladas melhores..

Entao aproveitamos esse ‘pit stop’ que fizemos em nossas aventuras para programarmos o que faremos em seguida e estudar nosso  roteiro, ja que o AL quer fazer um curso de mergulho em Ko Phi Phi e eu, um de escalada em Railay e assim, decidimos que faremos o curso dele primeiro, o meu em seguida.

Afinal, isto aqui e a Tailandia, a terra onde o muito ainda e muito pouco. E assim, fomos para la.

Ko Pha Ngan – Tailandia

1 de junho de 2009

p1050106O caminho ate Ko Pha Ngan me lembrou um pouco um daqueles episodios do pinoquio de cabelo azul, onde apos ter aprontado alguma, ele era levado para a Ilha dos Sonhos. Ali, naquele barco lotado de galerinhas do mundo todo, pouco a pouco fomos nos aproximando nao da ilha dos sonhos, mas das baladas, o que para mim e tao surreal quanto…

A ordem, ja no caminho para la e esta: se divertir ao maximo, pirar o cabecao e conhecer o maximo de gente possivel. E mesmo antes de aportarmos, o clima a nossa volta era assim e, conforme iamos nos aproximando do cais, o burburinho a nossa volta aumentava.

A ilha, assim vista por fora, impressiona. Alem de hospedar a famosa Full Moon Party, Ko Pha Ngan tambem e agraciada por belas praias. Algumas montanhas aparecem ao fundo, e a vegetacao tropical aparece entre os varios belos resorts.

Ancoramos, e tao logo pegamos nossas mochilas, a corrida por um lugar para ficar comecou. Muito ouvimos sobre a falta de acomodacao na ilha, mas como ainda estamos com alguns dias de antecedencia, tenho certeza que acharemos algum lugarzinho, caso contrario, teremos que fazer ocmo o Al sugerir e dormir na praia mesmo…

Alugamos uma motinho e saimos por ai, literalmente parando de pousada em pousada atras de lugar, mas todos estavam lotados. Achamos um barzinho, no canto esquerdo da praia de Haad Rin, que tambem alugava quartos. O preco estava otimo e achei incrivel estarem aparentemente vazios. O misterio logo foi desvendado, quando um dos funcionarios nos perguntou enfaticamente se realmente queriamos ficar ali, afinal estavamos bem no coracao da festa, que aconteceria ha alguns dias.

Resolvemos procurar um pouco mais, e assim, encontramos uma outra pousadinha bem simples, de frente a praia. Deixamos nossas coisas e fomos pegar o fim de tarde na praia.

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Haad Rin e sem duvida uma das praias mais prazerosas que ja visitei. A areia branquinha estava lotada de gente bonita, um otimo som ecoava nas caixas de som dos bares nos arredores. O mar, bem, desde que chegamos na Tailandia viemos tentando definir os diferentes tons de azuis do trecho do mar em que estavamos e ali, bem a agua tinha uma coloracao sem igual, era de um verde azulado cristalino e a comparacao mais proxima que encontramos foi daquela pedra preciosa conhecida como aquamarina (logico, agua do mar…). O mar e quentinho, com algumas correntes mais frias, enfim perfeito.

p1050122Na praia tambem ha varias atividades sociais e logo de cara vimos que e praticamente impossivel ficar parado por ali. Na areia, um campo de futebol foi armado e varios times feitos ali de ultima hora disputavam um campeonato. O Al logo se animou e entrou num dos times e terminamos a tarde ali.

p1050161Bem nas proximidades havia um resort com uma piscina maravilhosa e nao foi muito dificil de nos misturarmos com os hospedes e darmos uma nadadinha. Encontramos ali um grupo de ingleses que haviamos conhecido no barco e, apos trocarmos algumas notas de viagem, combinamos de ir ate uma festa na piscina d um dos hoteis.

A maior atracao da semana, e sem duvida a festa da lua cheia. Mas, ao que parece, todo dia da semana, ha uma festa diferente pra ir. Nunca fui numa Swimming Pool Party antes e to curiosa pra saber o que vira.

Ficamos no resort ate a noite. Voltamos pra nossa pousada e depois de tomar banho e descansar um pouquinho, fomos ate a rua principal para jantar.

A rua estava lotada de uma galera bonita, transitando entre varias lojinhas de roupas, restaurantes e camelos vendendo bebidas. Aqui eles vendem o que e conhecido como ‘buckets’, e como o nome mesmo sugere, sao baldinhos, tipo aqueles de criancas para brincar na areia. E dentro deles, uma garrafinha de algum destilado com alguma mistura, tipo refrigerante, red bull, suco, etc.

Pedi um destes baldinhos e embora viesse com uma garrafa de Smirnoff, o lacre desta estava aberto e assim, so Deus sabe o que foi que aquele vendedor colocou ali.

Seguimos para a festa. Acho que chegamos um pouco cedo, pois o lugar ainda estava meio vazio. Mas o chegar de pessoas era constante e em poucos minutos, o lugar foi lotando e a festa comecou a acontecer.

E, cara, posso dizer, foi uma das melhores festas da minha vida. Conhecemos muita gente bacana, demos risada pra cacete, dancamos ali na agua, foi maravilhoso.

Ate que depois de muitos buckets, comecei a ficar cansada e tambem a encanar com a agua da piscina, que aos poucos ia ficando meio verde (ai que nojo!) entao, ja  de madrugada, voltamos ate nossa pousada.

No dia seguinte, acordei tipo umas dez, e fui direto para a praia. Engracado como que, ate umas onze horas da manha, era praticamente a unica pessoa na praia, fora um ou outro baladeiro que resistia ir para a casa dormir.

A ressaca tava foderosa, e aih me pergunto o que foi que o vendedort colocou naquele bucket. Bem, mas depois do terceiro,. a verdade eh que nao importa e ali, mergulhada naquelas aguas maravilhosas, tentei recuperar da noite anterior.

Agradeci a Deus por estar ali. O lugar e realmente muito, mas muito bonito mesmo. Nao so belo como tem um astral diferente, uma ilha onde voce se diverte o tempo todo, a ilha que dorme apenas ao nascer do sol e acorda so depois do meio dia, acho que e a ilha dos sonhos mesmo.

p1050131Passamos a primeira parte do dia por ali, pela areia. Quando a tarde comecou, fomos dar um role de moto. A estrada que recorta a ilha e cheia de subidas e descidas ingremes e e preciso ficar bem atento, pois e bem facil derrapar. Ja vi varias pessoas pela ilha com bandagens pelo corpo, que provavelmente devem tersido causadas por um tombo de moto.

Seguimos pela estrada, passando por varias fabricas de moveis de madeira. Paramos numa delas, pois eu acho simplesmente maravilhoso este trabalho que eles fazem por aqui: a mobilia artesanal geralmente e topda entalhada, e eles utilizam um tipo de madeira que tem uma coloracao linda. E muito bonito mesmo e, se pudesse com certeza levaria alguma coisa. Mas o fato e que nao temos casa. Alias, no momento nao temos nem pais direito, entao mobilia talvez seja a ultima coisa em nossa listinha de prioridades.

Seguimos por uma trilha que desemboca numa cachoeira. Conforme iamos subindo, a trilha ia estreitando e a certo ponto nao sabiamos mais se estavamos no caminho certo. Mas enfim, chegamos. Entramos no que nos pareceu ser uma piscina natural e, mesmo com a agua geladinha, naquele calor do dia estava uma delicia.

Logo uma tailandesa veio nos abordar para ver se queriamos comprar maconha.  A Tailandia e um lugar onde todo o cuidado e pouco, principalmente no que diz respeito a consumo de drogas. O governo, para tentar conter a alta atuacao do trafico de drogas local instituiu penas super pesadas e e um dos lugares do mundo onde ser pego com grandes quantidades pode levar a pena de morte.

E nao da para confiar na populacao local, dizem que grande parte dos turistas que sao presos na ilha foram pegos comprando drogas de policiais a paisana. Entao, drogas, to fora, infelizmente…

Voltamos no final da tarde e a noite saimos para jantar. A rua principal de Haad Rin e bastante curiosa, restaurantes enfileirados dividem espaco com algumas lojinhas de roupas e algumas butiques bem fashion, alem e claro de varios cafes internet.

Jantar ali e uma delicia, a comida dos lugares que provamos e bem feitinha e barata e os lugares geralmente passam DVDs piratas dos filmes que estao em cartaz no cinema, ou entao seriados de TV como Friends. Achei perfeito.

Nesta noite, como estavamos ainda cansados da balada anterior, decidimos pegar leve e assim, fomos para casa dormir cedo. Dormir? Bem, esta e a ilha que nao dorme, e esta noite isto ficou bem claro. O barulho da rua era infernal, ja era umas duas, tres da manha, e agalera na rua tacando o puteiro. Meu, balada eh muito bom, adoro. Mas quando vc nao esta fazendo parte dela, eh um porre. Foi foda dormir e ate cogitei cair na night mais uma vez…Mas enfim, lah pelas cinco da manha o barulho deu uma tregua.

Pela manha, parecia que havia acontecido uma guerra na praia e so fico tentando imaginar como as pessoas conseguem aguentar tanta festa. E quem me conhece, deve estar rindo agora de me ver falar isto…Paramos para tomar cafe da manha e pegamos nossa motinho e fomos conhecer um pouco mais da ilha.

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O caminho para la foi maravilhoso…Subindo pelas montanhas, o visual la de cima era fantastico, com o vento a soprar contra nos, meu, que sensacao!!! Fomos pelo caminho, pirando com a paisagem e cantando:

Im free to do what I want any old time
Im free to do what I want any old time
So love me hold me love me hold me
Im free any old time to get what I want…

Don’t be afraid to be free…

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Chegamos ate uma praia do lado oposto da ilha, descansamos um pouquinho, e retomamos nosso caminho. Que dia maravilhoso.

Resolvemos pegar leve durante o dia, pois hoje a noite acontece a Full Moon Party e queremos aproveita-la ao maximo. Entao, logo apos o jantar, compramos um bucket e fomos para a praia.

Parecia que estavamos em outro lugar. A ‘nossa’ praia estava toda decorada, varios palcos foram montados e caixas de som espalhavam-se por toda a costa. O visual era lindo, varias tendas foram armadas, alem de mini-palcos onde malabaristas dancavam com tochas de fogo.

Ao cair da noite, os barcos de baladeiros de outras ilhas comecaram a atracar. Primeiro um, depois mais alguns, ate que varios barcos iam aos poucos se aproximando, o que me deu a sensacao de que a ilha estava sendo invadida. E estava mesmo. Esta festa chega a reunir mais de 8000 pessoas, que lotam a costa inteira atras de bom som e diversao.

Loco pensar que tudo isto comecou com uma simples festa de aniversario. Ninguem sabe dizer ao certo o ano exato, alguns dizem que a primeira FULL MOON PARTY aconteceu em 1988, no Paradise Beach Bar, para comemorar o aniversario de alguem e a festa foi tao boa que decidiram repitir na proxima lua cheia.

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Hoje, o evento e gigantesco, e muito bem organizado, com dezenas de sistemas de som tocando desde psy-trance a drum and bass. La pelas duas da manha, a praia estava fervendo.Toda iluminada por fogos (e pela luz da lua cheia…), e lotadesimaaaaa, o visual era pirante.

Ficamos no mar, dancando, bebendo, curtindo. A certa hora deitamos um pouco na areia para descansar e dali ficamos observando um figura que ia oferecendo extase para as pessoas que passavam. Mas o estranho e que bem atras dele ficava um cara, com pinta de policial e aonde o sujeito ia, ele ia atras.

p1050149E a ironia do destino, numa festa tao loca como esta, a ultima coisa que pode-se fazer e tentar comprar drogas ali. E dito e feito, apos alguns minutos, alguns turistas foram presos e tiveram que percorrer a cidade toda algemados…

La pelas cinco, encontramos com um grupo de alemaes, holandeses e ingleses que haviamos conhecido em Chiang Mai. Foi engracado, estavamos todos tao tortos que levamos uns bons minutos para sabermos ao certo de onde nos nos conheciamos.

O dia comecou a clarear, e voltamos para nossapousada. Valeu, a festa foi demais, embora tenha achado a festa da piscina mais loca ainda. Particularmente eu prefiro festas menores, mas foi bem diferente ver a magnitude de uma balada como esta. Ainda mais na praia. Ainda mais numa praia maravilhosa na Tailandia.

Quando acordamos para ir embora, a festa ainda estava rolando. Ja eram umas onze da manha, a lua cheia ja tinha passado, mas mesmo assim, uma multidao de pessoas alucinadas dancava freneticamente ali na areia.

E eu que me achava super baladeira, vi que nao, no mundo tem gente ainda mais festeira, e ali, eles encontraram o lugar certo. E a fome com a vontade de comer. O lugar onde a balada nao para nunca. A Ilha dos Sonhos. O meu eu ja realizei. Assim, fomos embora no proximo barco.

Ko Samui – Tailandia

22 de março de 2009

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Pegamos nosso voo de Hanoi ate Bangkok e, segundo nossos planos, passariamos o dia matando tempo na cidade, para de noite pegar o trem noturno ate uma cidadezinha na costa e de la pegariamos um barco. Bem, quando chegamos no aeroporto em Bangkok, eis que o Alistair teve a brilhante ideia, por que nao pegamos o aviao daqui direto para a ilha?

Nunca comprei passagem assim, no balcao de vendas do aeroporto, porque sempre imaginei que o preco fosse altissimo.Comparamos com o preco da passagem do trem, depois do barco, fora o cansaco e o dia perdido em Bangkok de bobeira, contabilizando isto tudo junto, a diferenca nos pareceu pequena.

E, pensando desta forma, pulamos no primeiro aviao que encontramos com destino a Ko Samui.

A viagem foi bem tranquila, e rapida. Pela janela, aquele mar de um azul profundo. Chegar no aeroporto, foi outra viagem. Os avioes estacionados ali, tinham uma decoracao toda colorida. Alias, assim que sai do aviao, me deparei com o aeroporto mais estranho que ja pousei: haviam flores espalhadas nas escostas da pista e ao inves de onibus, haviam trenzinhos, tipo os de parque de diversao, que levavam os passageiros ate ao saguao de desembarque.

Tudo tao florido, tao enfeitado de uma maneira que parecia que o Elvis iria saltar por detras de um daqueles arbustos cuidadosamente aparados. Ou entao o Tatoo, aquele baixinho da Ilha da Fantasia, que ao nos receber traria um coquetel colorido e com aqueles guarda-chuvinhas….Surreal.

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Acho que Ko Samui e uma das ilhas mais comentadas da Tailandia. Dizem que nos anos setenta, dois hippies perdidos pelo mar chegaram ate ela numa embarcacao feita de cocos e, apaixonados por sua bela costa resolveram ficar por ali.

Talvez dali saiu a inspiracao para o livro de Alex Garland, que depois virou filme, ‘A Praia’. E talvez por isto muita gente se confunda, mas a praia do Leonardo de Caprio nao esta na verdade ali, mas sim nas proximidades de Ko Phi Phi, para onde seguiremos mais adiante.

Trinta anos depois de entrar no mapa dos mochileiros do mundo, a Ko Samui atual parece que cresceu de maneira rapida e desordenada. Do caminho do aeroporto ate onde iriamos ficar, fomos passando pela estrada que corta a ilha, ate chegar na praia onde ficariamos, a praia de Bo Phut.

Quando o taxi nos deixou ali, confesso que fiquei meia desapontada. A praia era bem estreita, o mar ali apesar de ser bem tranquilo, estava cheio de pedacoes de vegetacao, como se tivesse havido uma tempestade.

p1050078Alguns poucos hoteis espalhavam-se pela costa e, cansados da viagem, decidimos ficar num hotelzinho bem simples, com bangalos de frente a praia. Como estamos fazendo sempre, deixamos nossas coisas no quarto e fomos tomar um ‘watermellow shake’., ali no restaurante que fica na frente da areia.

Quando  cansaco deu uma tregua, fomos explorar a regiao. A ilha nao e muito grande, mas as praias sao espalhadas e ali vimos que precisavamos resolver nosso transporte. Assim sendo, alugamos uma motinho e dali seguimos, recortando a ilha de fora a fora.

A praia seguinte e chamada de Big Budha Beach e e facil de entender o porque: estatuas gigantescas de Budha estao espalhadas pela costa e o cenario e super bizarro, ali no entardecer, com o sol se pondo, aquelas imagens gigantes com suas silhuetas escuras.

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Mas e lindo. Andar de moto ali pela costa e uma delicia, no calor do dia. A proxima praia que visitamos foi a Chaweng Beach, a mais conhecida e mais badaladinha da ilha. Ali, na rua detras da praia, ha uma concentracao pesada de resorts, restaurantes, bares e muitas, muitas lojinhas.

Paramos para ir ver o mar. Ali, a costa e bem diferente de onde estamos ficando, a areia branquinha se extende por uma grande faixa e o mar tem uma coloracao maravilhosa. E de um azul clarinho, super transparente. A agua e quentinha e deliciosa.

Se nao fosse pela grande muvuca de pessoas, acharia que estava no paraiso. Mas ali no final do dia, a praia tava lotada de turistas e de locais, e estes, muitas vezes estavam fazendo uma ‘farofinha’, o que e uma pena, em vista da beleza do lugar.

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Voltamos para Bo Phat e, ao anoitecer, decidimos tirar vantagem de que estavamos ali de frente a praia e fomos nadar de noite. Da um  pouquinho de medo, pois nao conhecemos o mar nem o que encontraremos nele e, como ali ainda tem varios pedacos de vegetacao boiando, nao da pra ver muito bem onde estamos pisando.

Num dos resorts das proximidades estava acontecendo um showzinho e dali do mar dava p/ escutar o som, o que achei otimo, nadar ali ouvindo um som legal foi maravilhoso.

Olhando para o ceu, ja da para ver que a lua esta crescendo e dentro de uma semana, ela estara cheia. Estamos proximos a ilha de Ko Pha Ngan, onde acontece a festa-da-lua-cheia e dentro de alguns dias iremos partir para la.

E o pensamento da festa, me encheu de curiosidade e excitacao. Ja ouvi muito falar desta balada, que acontece na praia. Alias, acho que a maioria dos mochileiros que estao em Ko Samui estarao rumando para a festa em breve e, como dizem, e bom chegar alguns dias antes, pois fica praticamente impossivel de se achar um lugar para ficar nos dias que antecedem o evento.

Dormimos super bem e, pela manha, acordei com um barulho super alto. Abri a porte de nosso chalet e dei de cara com uma super tempestade. Estava chovendo muito e ventando pra cacete. As mesas do restaurante ao lado comecaram a ser arrastada e as roupas que os turistas deixaram na sacadinha em frente aos seus bangalos comecaram a voar pelos ares.

Em pouco tempo, a tempestade virou nosso hotelzinho de ponta-cabeca e, fico so pensando no que deve ter acontecido no dia do Tsunami, porque embora esta ilha nao tenha sido tao afetada, os hoteis e resorts sao bem proximos do mar e, geralmente sao construcoes baixas, entao nao ha muito o que fazer caso o mar avance.

Quando o clima la fora acalmou, pegamos nossa motinho e fomos rodar por ai. Li sobre alguns templos na regiao e estavamos ali escolhendo qual deles visitar, mas decidimos ir ate o Wat Khunaram Ko Samui, onde um de seus monges encontra-se mumificado.

p1050102A historia na verdade diz que, ao saber que iria morrer, o tal monge pediu para a familia que colocasse o seu corpo em posicao de meditacao. Eles assim o fizeram e, mesmo apos sua morte, o corpo nao se decompos, e hoje, atras daquela redoma de vidro, ainda parece estar meditando.

E impressionante, esta super bem preservado e aqueles oculos escuros que colocaram sob seus olhos conferem um ar ainda mais estranho. Alias, acho esta historia de que ele morreu meditando e por isto seu corpo nao se defez um tanto estranha. Ja ouvi umas historias de monges que conseguem meditar na neve, sem casaco e nao morrem de frio, e acredito um pouco no poder da mente. Mas para mim, a familia dele fez alguma coisa, que nunca iremos saber…

Terminamos o dia num pub ingles, na vilinha de Bo phat. Alias, tem bastante expatriados na ilha. Tanto e que ha ate um jornalzinho em ingles para aqueles que decidiram fazer da Tailandia sua casa e, pensando bem, da uma vontadezinha de fazer o mesmo.

O lugar e lindo, realmente um dos paises mais legais que ja visitei. As praias sao maravilhosas, a balada e boa, a comida e deliciosa, e o custo de vida super baixo. Da pra viver como rei, gastando pouco.

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Ali na vilinha comecamos a nos organizar para partir. Teriamos duas opcoes, ou ficavamos em Ko Samui e pegariamos o barco apenas para ir na festa ou ja iamos de mala e cuia para Ko Pha Ngan, e tentariamos descoalr um pico por  la.

Bom, eu li um pouco sobre a primeira opcao, mas achei roubada. Alguns anos atras, um destes barcos que vao para a festa a noite e retornam de manhazinha estava superlotado de turistas e, na volta, pegaram um pouco de tempestade. O barco virou e morreu todo mundo. E tambem, imagina, sair da balada, ter que pegar barco, ah nao, muita funcao.

Entao decidimos que sairiamos dali mesmo, no dia seguinte. Deixamos nosso hotelzinho e pegamos um outro bem mais proximo do porto.

Jantamos num lugar maravilhoso, com mesinhas iluminadas por velas, na sacada sob o mar. Foi uma otima despedida e, olhando para o ceu, vejo que a lua cresceu mais um pouquinho. Ta chegando. A lua cheia.

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Halong Bay – Vietnam

16 de fevereiro de 2009

p1040979A van chegou em nosso hotel bem no horario marcado: as seis da manha. Depois de tanto tempo viajando, me sinto como se fosse uma enfermeira ou medica, nao tenho mais horario certo para dormir, nem acordar. Se a balada eh boa, faco plantao a noite toda. Se tenho que acordar cedo, acordo sem reclamar.

E assim foi, entramos no carro, que ja estava praticamente lotado de outros turistas. Nosso grupo era bem variado: uma familia de Israel, uma canadense, tres irlandesinhos, dois holandeses, uma japonesa, alem de outras pessoas que deveriam ser do Vietnan mesmo.

E assim comecamos nossa jornada rumo a Halong Bay. Nosso guia, que vou chama-lo aqui de Ho, ja que esta foi a unica silaba que entendi do nome dele, a certa altura se levantou e veio o caminho inteiro contando historias sobre o pais. Muitas destas historias, giravam em torno de Ho Chi Minn e por ali, deu para sentir o gostinho do orgulho que a populacao tem deste lider revolucionario que mudou a historia do Vietnam.

E nao eh para menos, Ho Chi Minh realmente tem uma historia impressionante. Ele trabalhava como cozinheiro, num navio frances e assim, viajou pelo mundo a fora. Naquela epoca, ele ainda era conhecido como Nguyễn Sinh Cung, seu nome real. Em 1915, decide instalar-se em Londres, mudando para a Franca logo em seguida, onde conseguiu um trabalho como jardineiro. Ali, comeca a se envolver com movimentos socilaistas. Em 1923, muda-se para Moscou, onde estudou taticas de guerrilha e se envolve com uma faccao do partido comunista russo. Dois anos depois, e enviado a China, sendo expulso de la apos dois anos, em 1927. Dali, viveu em uma serie de paises e dirigiu a o movimento antiimperialista contra a Franca, que dominava a regiao da Indochina.

Em 1941, fundou o movimento Vietminh e virou Ho Chi Minh, que quer dizer aquele que e iluminado. Lutou contra o dominio frances e, durante a Segunda Guerra Mundial, utilizou seus conhecimentos de guerrilha para impedir o dominio japones na regiao. No final da guerra, fundou o estado independente do Vietnan do Norte.

Com tantos feitos historicos, nao e de se admirar que ainda nos dias de hoje seja lembrado pela populacao com tanto orgulho e respeito. Por isto, achei estranho o fato de Ho dar tanta enfase ao fato de que o lider na verdade morreu sozinho, em Hanoi, e nunca se teve noticia de ter tido uma namorada.

E, olhando para nosso guia, mais uma vez tive uma impressao de como a populacao local em geral se comporta. Ja falei aqui que acho os vietnamitas espertos, movimentam-se com velocidade e tem pensamento rapido. Ho parece enquadrar tudo isto. Ele conversava com eloquencia. Os olhos movimentavam-se rapidamente. Pareciam olhar em tres direcoes diferentes a cada segundo. Combinava piadas com fatos que sabiam que iriam prender nossa atencao.

E assim o fez e a viagem ate o porto seguiu de forma tranquila. Sempre quiz conhecer Halong Bay. Ja havia visto algumas fotos e, eu nao sou muito de acreditar em fotos. Principalmente depois de ver as fotos da Mulher Melancia na Playboy com ou sem photoshop, aquelas que vem circulando na Internet.

Nao ha foto, filme que seja que represente um lugar, um momento com precisao, por melhor que seja o fotografo. Por melhor que seja a camera. Por isto, quando chegamos no porto e Ho comecou a organizar nosso transporte, nao criei grandes expectativas.

Ali, esperando junto com os outros turistas, comecei a prestar uma atencao maior a aqueles que seriam nossos companheiros de viagem. E ali no cais, enquanto aguardava sentada na minha mochila, comecei a observar as pessoas com quem passariamos nossos proximos 3 dias.

Ao meu lado, notei que Barry, o irlandesinho que chegou por ultimo no onibus, estava fazendo a mesma coisa. Existe uma coisa entre o ser humano que e dificil explicar. Existe uma empatia silenciosa, vulgarmente conhecida como ‘ir com a cara de alguem’. E foi sito que aconteceu. De cara vi que iamos nos dar super bem.

Nosso barco atracou, e assim, carregando as mochilonas, fomos pulando de barco em barco ate chegar ao nosso. Assim que entramos, Ho distribuiu as chaves dos quartos entre nos e fomos deixar nossas mochilas. Acho que foi a primeira vez que dormi num barco, com quarto banheiro estas coisas.

O nosso quarto era simples, mas tinha ar condicionado, a cama era confortavel e o melhor, tinha uma janela enorme de onde podia observar todos os outros barcos atracados no cais em que estavamos. Dali deu pra tirar uma ideia de como Halong Bay e popular entre os turistas que visitam o pais.

 

Seguimos viagem, vendo pela janela o cais se afastar. Barcos no estilo chines povoam a baia, alem de barcos menores de madeira, com pessoas locais vendendo salgadinhos e agua para os turistas.

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Nosso almoco foi servido logo em seguida. Nosso grupo foi dividido em tres mesas diferentes e sentamos junto com a japonesinha, os dois irlandeses e Julie, a canadense que sentou bem ao meu lado. No centro da mesa, varios pratos foram servidos e tivemos que dividi-los entre nos. Todos ficamos assustados com o preco da cerveja e alcool em geral sendo vendido no barco: dois dolares, que e logico, parece pouco, mas em comparacao com os precos pagos em Hanoi, e quase que cinco vezes maior.

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Ali, tentamos conhecer nossos companheiros de viagem e foi bem prazeiroso, apesar de nossa diversidade cultural e profissional. Mas, observando as pessoas comentarem sobre o que fazeriamos durante o dia, descobri que nem eu, nem o Al tinhamos nocao do que o tour incluia, onde iriamos, o que iriamos fazer. Alguns falavam de uma visita a uma caverna, outros, de um passeio de bicicleta, outros de um passeio de caiaque, outros de uma visita a uma ilha…

Assim, sem saber o que viria, apenas deixei acontecer…Apos o almoco, fui para a frente do barco e ali, fui assistindo as mudancas na paisagem. Logo, os grandes rochedos comecaram a aparecer. E a paisagem que foi se formando, foi exatamente igual aquelas fotos perfeitas que ja havia visto da regiao.

O mar, com aquela cor de um verde esmeralda, os rochedos altos e acizentados, um apos o outro e os barcos chineses alaranjados que vez por outra agraciam a paisagem, formavam um cenario tao bonito, tao perfeito que tanto eu, como todo mundo que estava ali conosco, comecou a entrar num estado de estase.

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Halong Bay tem uma historia interessante. Dizem que quando o pais estava sendo atacado pelos chineses, os ceus enviaram dragoes para ajudar o pais a combate-los. E assim o fizeram, mas os dragoes, encantados com aquele mar maravilhoso, decidiram ficar por ali. E assim, tornaram-se rochedos, que sao estes que hoje nos cercam, enquanto nosso barco lentamente desliza por entre eles.

Achei a historia linda e so queria saber o que aconteceria se os dragoes ainda estivessem vivos quando os Estados Unidos atacou o pais. Mas mesmo dragoes sofreriam com os ataques de Napalm e Agente Laranja que o restante da populacao foi submetida….

Mas enfim, dai vem a origem do nome ‘Halong Bay’ que quer dizer ‘onde os dragoes encontraram o mar’. A vastidao de ilhas e rochedos e imensa. Sao mais de 3000 ilhas espalhadas por ali. O mar e uma coisa que nao me canso de olhar. Mesmo o dia nao estando super ensolarado, o mar reflete uma cor verde impressionante. E, se prestar atencao, da para ver a enorme quantidade de peixes, alem de varias medusas circundando nosso braco.

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Logo chegamos a nossa primeira parada e, surpresa: vamos visitar uma caverna. Ao redor do pequeno porto, muitos, muitos, muitos barcos de turistas. Comecamos o passeio seguindo uma trllha superlotada e depois de uma cansativa escadaria, chegamos ao seu interior. Ali, fomos passando por formacoes de estalgtites que com o tempo, e tambem com muita imaginacao, assemelham-se a figuras.

Ho foi apontando as diversas figuras que iam aparecendo no caminho, como o casal apaixonado, e o grande dedo, que desculpe a sinceridade, assemelhava-se mais ao orgao genital masculino ainda mais por estar iluminado por uma luz vermelha.

A vista la de cima da caverna era linda, mas, pra falar a verdade, eu acho caverna uma chatice. Fora cavernas maravilhosas que visitei em Apiai, no Brasil, que alem de gigantescas, tinham umas estalagtites impressionantes e as que visitei em Sao Tome das Letras (onde tem aquela que dizem que vai ate Macchu Picchu…) acho que caverna sem historia e basicamente isto, uma caverna.

Voltamos para o barco e o sol comecou a se por. Nosso comandante, depois de rodar um pouco pela baia, ‘estacionou’ nossa embarcacao ali no meio do nada. Tava fazendo um calor de dar do, e o Al, bem como o Barry, na hora sacaram o momento e, dali de cima do barco, ha uma altura de uns 10, 15 metros de altura, pularam do topo do barco direto na agua. Os holandeses seguiram o exemplo. E assim, terminamos a tarde, nadando naquelas aguas, com cor de joia preciosa.

Uma delicia. Agradeci a Deus por ter me dado este momento na vida.

No inicio da noite, voltamos para nosso quarto, tomamos banho e nos preparamos para o jantar. O preco da cerveja ainda era comentado entre nos e, as vezes fico pensando, imagina, em Londres pagava quse que seis dolares pela cerveja nos bares e ca estou reclamando por pagar dois….

Mas viajar faz isto, vc perde a nocao de qto as coisas custam  no seu pais de origem e, depois de tanta mochilada por aih, viramos mochileiros mesmo. E mochileiros sao isto: cheap skates, ou seja, pechincheiros mesmo.

Durante a noite, um outro barco estacionou bem ao nosso lado. A tripulacao de ambos eram amigos e assim, enquanto eles papeavam, Barry, o irlandes mais brasileiro que ja conheci, foi la perguntar quanto custava a cerveja no barco deles.

1.50! Cinquenta centavos de economia! Eu nao sei de onde tiramos esta logica, mas a verdade e que, em vista de que passariamos a noite ali ancorados lado a lado, decidimos pular para o barco deles e beber ali.

Barry foi o primeiro. Eu e o Al em seguida, e assim, um a um dos festeiros de nosso barco passou para o vizinho. Ali conhecemos uma galera viajante tambem super bacana. Posso ate dizer que rolou uma festinha. Foi muito, muito, muito legal. Nos, os piratas, invasores de barco, ali, curtindo a noite sob a luz da lua, naquele lugar maravilhoso…

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Conhecemos um monte de gente bacana, que infelizmente acho que nao verei mais…Sao uma daquelas coisas que so existem num momento mesmo, e assim, temos que aproveita-las ao maximo. E posso dizer, fizemos exatamente isto.

Al e Barry, movidos pela economia no preco da cerveja, ficaram sabendo que um barco mais adiante estava vendendo cerveja por cinquenta centavos ainda mais barato! E, assim, pularam na agua e foram nadando ate la. A verdade e que nao era o preco, era a aventura que na verdade estava contando….

A noite tava tao bacana que nao queria que terminasse nunca. E assim, fomos extendendo nossa visita, ate que certa hora tava tao alterada, que perdi minhas sandalias, que eram uma copia exata das famosas Birkenstock, da alemanha. Mas nem assim me abalei, continuamos ali, conversando no deck do barco.

Os meninos voltaram de sua viagem ao barco vizinho, cheio de historias. Ate que o Barry, depois de ter desaparecido por alguns minutos chegou com um monte de cerveja, aparentemente a tripulacao de nosso barco tinha ido dormir, deixando um isopor cheio de cerveja gelada ai de bobeira.

Me deu um pouco de culpa, mas depois desencanei e ficamos ali, tomando as cervejas roubadas. Acho que ficamos ali ate umas duas da manha.

No dia seguinte, foi dificil acordar para o cafe-da-manha que e servido regularmente as seis. Eu, Alistair e Barry nao conseguimos nos levantar a tempo e assim, ali no deck, tomando muita agua, tentamos nos recuperar da balada da noite anterior.

Barry tirou do bolso umas bananas, que nao sei daonde ele conseguiu, mas que foram simplesmente perfeitas, ali naquele momento.

No barco, um sentimento de satisfacao geral. Incrivel como sentimentos sao contagiosos. Estavamos todos tao felizes de estar ali, vivendo aquilo tudo, que a uniao de estar sentindo a mesma coisa fez com que colocassemos todas as diferencas culturais de lado. De uma hora para outra, nao eramos mais estranhos, mas sim velhos amigos, vivenciando um dos melhores momentos de nossas vidas.

Nosso proximo passeio veio logo em seguida, como descobrimos. Fomos ate a uma ilha, onde fariamos um passeio de bicicleta. E assim, nosso barco seguiu, desviando por entre os rochedos que mais pareciam gigantes guardando um portao. Eu tenho a leve impressao que ja vi isto num filme antes…

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Chegamos na ilha pela manha. Ainda estava meia confusa no que ia acontecer, pois como disse antes, eu e o Al nao tinhamos nocao do programa de nossa excursao, que reservamos as pressas quando ainda estavamos em Hanoi.

Mas acho que o fator surpresa adicionou um sabor especial a tudo que estavamos vivendo.Chegamos, Ho pediu para que escolhessemos entre as varias bicicletas paradas ali no cais e desta forma, fomos seguindo por esta trilha, que crcundava a ilha.

O caminho era maravilhoso. Indescritivel. Foi uma das melhores pedaladas da minha vida, circundados pelos rochedos maravilhosos, subindo montanhas ate que fomos adentrando a ilha, e passeando por entre campos de plantacao de arroz.

Paramos brevemente num restaurante bem simples, cercado por campos. Deixamos nossas bicicletas ali, pois Ho disse que seguiriamos por uma trilha, para dentro da montanha principal, que fica bem no centro da ilha. Praguejei, tava tao esperando fazer caminhadas quevim com minhas Havaianas, jah que nao achei mais as outras sandalias que perdi no barco, na noite anterior.

Fazer trilha de havaiana eh uoh. Mas enfim, seguimos com o programa, e fomos caminhando pela mata, que gradualmente ia se tornando mais e mais cerrada. A certo ponto, ela comecou a ficar tao fechada que lembrou bastante aqueles filmes que assistimos sobre o Vietnam, no periodo da guerra e fico so imaginando como os americanos devem ter se sentido perdidos no meio deste ambiente tao diferente.

E nao e so o ambiente, o lugar ta cheio de animal selvagem tambem, tigre, cobras, etc. E eu de havaianas… Caminhamos ate que chegamos numa pequena montanha. Fomos subindo e ali, encoberta pelas arvores da regiao estava uma caverna. Ho parou ali e nos deu uma auilinha sobre o lugar.

Aquela caverninha ali escondidinha na verdade tinha sido a moradia de soldados Vietcongs, por cerca de 10 anos. Eles dali conseguiam avistar avioes americanos e por radio, avisavam as cidades do pais para que evacuassem.

Eram alimentados pelos camponeses locais que traziam arroz, mas grande parte da alimentacao vinha do que conseguiam capturar por ali mesmo, incluindo ratos e muitos caramujos. La dentro, a caverna fina e profunda, era escura e gelada, apesar do calor la fora. Fico so imaginando como seria passar dez anos ali, muitas vezes sem ver a luz do sol por dias.

p1040999Ho explicou que na ala maior da caverna era onde dormia o general do batalhao local. No solo, as carcacas dos caramujos ainda estao empilhadas, numa area que deve ter sido utilizada como sala de jantar. Os soldados feridos, segundo Ho, ficavam numa ala que tinha uma abertura super fina, onde eu passaria, mas encolhendo a barriga (claro, nao depois da cervejada de ontem!).

p1040990Aparentemente, isto se deu porque eles logo adivinharam que o porte fisico dos americanos era muito maior do que o deles e eles nao conseguiriam passar por ali. To dizendo que este pessoal e esperto…

Foi uma viagem ter estado ali. Da para ver as cenas da guerra ali na sua frente e por instantes, me sinto dentro de um filme americano, como Platoon, etc.

Voltamos dali, pegamos nossas bicicletas e seguimos pelo caminho. Neste, uma hora apareceu umas criancinhas ao longe. Assim que passei perto delas, um menininho tentou me acertar com um passarinho morto, ainda sangrando. E assim o fazia com todos que passavam ao seu lado….

Voltamos para nosso barco e seguimos para a proxima parada. Fomos almocar numa vila de pescadores o que nao e uma novidade, a nao ser pelo fato de que a vila estava localizada ali, nos rochedos, no meio do nada.

E sao super surreais. No meio daqueles rochedos maravilhosos, de repente chegamos nestas plataformas de madeira, suspensas por garrafas de agua vazias, isopor e tudo mais que voce possa imaginar mas que de flutuacao. Sob as plataformas, uma meia duzia de casinhas de madeira, criancinhas correndo por entre elas vestindo camisetas de times de futebol da Inglaterra, um espaco usado para a criacao de peixes e um restaurante.

Almocamos, ainda estupefactos com o cenario a nossa volta. Fico so imaginando aquelas pessoas morando ali, cercadas por agua vinte e quatro horas por dia, como naquele filme do Kevin Costner, ‘Waterworld’, que afundou sua carreira… As pessoas aparentemente nao saem dali por nada, e se tiverem que faze-lo, pegam o seu barquinho e vao ate a proxima vila, tambem sob as aguas. Um negocio de doido.

Depois de um almoco delicioso, fomos fazer um passeio de caiaque. Eu e o Al seguimos por entre as aguas, nos maravilhando com a paisagem, tentamos entrar em cada buraco que encontravamos nos rochedos ao nosso redor. Achamos algumas cachoeiras, ficamos tentando arrancar os mariscos dos rochedos, e demos boas risadas quando encontramos alguns ‘sinais de transito’ no caminho, na verdade algumas setas indicando o nome das ‘ilhas’ de onde estavamos passando.

Foi lindo, foi otimo e assim que terminamos, retornamos ao barco. Ja estava mais do que satisfeita com tudo que tinhamos visto, mas o tour ainda tinha outras coisas para nos. E dali seguimos para a ‘Monkey Island’, uma ilha nas proximidades.

O sol estava fortissimo, por isto, assim que conseguimos avistar a areia da praia, eu, Al e Barry pulamos na agua e seguimos nadando.

A praia era maravilhosa, apesar dos varios turistas espalhados por ali. Segundo Ho, ver macacos ali nao e dificil, mas tudo depende do estado em que estao, se estiverem com fome, com certeza aparecerao.

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Bom, acho que chegamos na hora do almoco, pois varios macaquinhos circundavam a praia, que por sua vez e rodeada de arvores e vegetacao natural. Mas os macacos, embora mais tranquilos dos que vimos na India, tambem sao um pouco agressivos e tive que me controlar para nao rir quando a Julie deu o maior berro e saiu correndo de um macaquinho que tinha se pendurado na mochila dela.

Mas a cena mais hilaria foi quando eu e o Barry ficamos ali observando um macaquinho bebe que aos pouquinhos foi se aproximando de uma lata de cerveja que tinha quase seu tamanho e, apos uns golinhos, saiu carregando a lata consigo. Nao acredito que perdi esta foto e voces terao que acreditar em minhas palavras…

A praia tava muito gostosa, mas ainda estavamos ressacados da noite anterior, e assim que o Ho deu o sinal, caimos na agua e nadamos ate o barco.

No nosso pacote ainda tinhamos mais uma noite no local, mas ao inves do barco-casa, passariamos em Cat Bay, num hotel. E para la seguimos e no final da tarde, chegamos a nosso destino.

Olhando ali de longe, Cat Bay e bem surreal. Ostenta um pouco dos rochedos selvagens que vimos durante o caminho todo, mas tambem e uma cidade, tem estrada, avenida, hoteis altos, alem de um pouco de vegetacao natural tambem. Parece que onde puderam, construiram um pouquinho de civilizacao.

Pegamos nossas mochilas e acertamos a conta do que bebemos no barco. Detalhe, normalmente eu guardo na cabeca as cervejas que bebi na noite anterior. E vi que em nossa conta, haviam algumas cervejas a mais. Na conta do Barry tambem, ja que acho que bebemos a mesma quantidade… Mas nao falei nada, nem para a tripulacao, nem para a galera, porque tava ainda um pouco culpada de ter roubado as cervejas, pois imagino o dono do barco caindo em cima da tripulacao por nossa causa…

E deixei quieto, ninguem percebeu e a aventura virou uma historia de viagem para os meninos. Mas para mim, virou uma licao, meu, nao da pra brincar com este povo, voce acha que ta sendo esperto, e passando a mao numas cervejas, mas a verdade e que pagamos e caro por nossa brincadeira…

Nosso hotel era otimo e assim que chegamos, pulamos no chuveiro. Jantamos e, novamente saimos atras de balada. Fomos para a area do porto e paramos numa barraquinha, com mesinhas na rua. A galera do barco parecia cansada, mas continuamos firme e fortes.

Ho era o que estava mais animado e, conforme me disse um dos irlandeses de Dublin (vamos cham-lo de Larry, ja que nao lembro o nome dele…) enquanto estavamos na Ilha dos Macacos, eles conheceram umas meninas da Espanha e haviam combinado de se encontrar num dos bares locais.

Mas Larry estava super sem graca, pq Ho estava confiante de que, ele se parecia com um  jogador de futebol e ele ganharia as meninas facilmente e assim, sobraria uma para o Ho. Mas Larry era gay. Dava pra ver de longe. E tava ali com seu namorado…Man, esta seria uma noite estranha…

Mas enfim, seguimos ate ver onde iria dar efomos todos para o club, onde aconteceria o encontro. Bem, o club era pequenininho, mas, como a maioria dos lugares no pais, tinha uma area com palco, para kareoke. As meninas nao apareceram, e ao inves dela, um grupo de australianos transtornados tomaram conta do lugar.

Mas a noite foi muito bacana, mesmo assim. Ate que o Al se apossou do kareoke e tentou cantar uma das cancoes locais, atraindo mtos olhares apreensivos dos locais que nao acharam a menor graca daquele australiano ali, cantando cancoes incompreesiveis.

Foi otimo, foi maravilhoso e nao vejo como poderiamos ter aproveitado melhor nossa estada ali. No dia seguinte, pegamos nosso barco novamente, que nos levou ate o porto principal, onde tivemos nosso ultimo almoco, com direito a um drink de brinde e onde nos despedimos de todos.

Voltamos a Hanoi, em vans separadas, e esta foi pouco ao pouco nos deixando em nossos respectivos hoteis.

Ainda estava em estase. Nunca me esquecerei do que que passamos ali. Passamos a noite em Hanoi relembrando nossos dias anteriores e sonhando com os que ainda virao e, man, posso dizer, nunca fui tao feliz em toda minha vida. So fico pensando onde foram parar minhas sandalias. Sera que estao no pe de alguma vietnamita, ou quem sabe no fundo do mar, junto com os dragoes de Halong Bay…Seja onde estiver, boa sorte para elas, tivemos bons tempos ateh aquu e me despeco como fiz com a galera do barco, acho que nao te verei tao cedo, mas nossos momentos serao inesqueciveis…

Hanoi – Vietnan

26 de janeiro de 2009

Chegamos no Vietnan no final da tarde. Pela janela, o sol estava se pondo e ao longe, uma espessa neblina pairava pelos campos e fazendas que separam o centro de Hanoi e o aeroporto.

Pela janela observava os camponeses que traziam cestos de cascas de arroz para queima-los ali na estrada. Algumas fabricas apareciam de vez em quando. O ar era pesado, a neblina era tao espessa que parecia ter havido um grande incendio.

Tinhamos uma breve nocao de como chegar ate o hotel e, apos uma hora dentro do onibus, comecamos a ficar preocupados, pois ja haviamos passado por alguns centros que poderiam ter sido nossa parada.

Pedimos informacoes a uma senhora do nosso lado, mas ela nao falava ingles entao ficamos na mesma. Ate que um rapazinho, muito simpatico e bem vestido, apareceu ali do nada e se prontificou a nos ajudar. Muito bem articulado, veio durante o caminho conversando conosco, fazendo perguntas sobre nos, nossa viagem, nossos paises de origem.

Ele tinha um carisma natural e, assim que chegamos na parada final, se ofereceu a nos ajudar a pegar um taxi, pois segundo ele, alguns taxistas dali sao super mal intencionados e geralmente cobram o triplo do preco normal dos turistas.

Em poucos segundos, conversando em vietnamita, organizou com um motorista nosso trajeto. Entramos no taxi e ele, veio junto. Ficamos apreensivos, mas tava tudo acontecendo tao rapido, que apenas rezamos para que nao fosse roubada.

Bom, chegamos na area do Old Quarter, onde nosso hotel estava localizado. Mas ao inves de levar aonde haviamos solicitado, o taxi parou de frente a um outro hotell nada a ver. Os funcionarios logo vieram comprimentar nosso ‘amigo’ e o motorista em seguida veio nos cobrar uma quantia absurda pelo trajeto.

Roubada. Tava na cara. Meu, depois de todas nossas aventuras e desventuras, achei que estariamos mais escolados em farejar situacoes como esta, mas nao. Aqui a galera eh mais maliciosa, os espertinhos sao mais rapidos, no pensar e agir do que em outros paises. Na India por exemplo, a jogada era lancada e havia um momento em que pareciam esperar para ver nossa reacao e tinhamos tempo para aceitar ou nao. Aqui nao, com um sorriso no rosto e cheio de piadinhas, ele foi aos pouquinhos nos levando para onde ele queria.

O Al a esta altura tava puto. Bom, recusamos entrar no hotel e tambem a pagar o taxi. A discussao comecou no meio da rua, pessoas comecaram a se aglomerar a nossa volta. Concordamos em pagar parte do taxi e ir andando ate nosso hotel. Nosso amigo reclamou por nao termos pago o taxi todo e ai, perdi a paciencia tambem ‘voce tambem veio conosco….a parte que ta faltando e a sua’. E assim, pegamos nossas mochilas e fomos a procura de nosso hotel.

As ruas do Old Quarter sao confusas, comecam com um nome  e terminam com outro. A frente das casas e predios sao super estreitas. Dizem que, como em Amsterdan, o imposto pela propriedade aqui e pago de acordo com o espaco que ocupam na rua. Assim, paga-se menos se sua casa tiver uma frente menor, nao importando quantos andares ou quao profunda ela eh.

Nao conseguimos achar o hotel que queriamos, mas achamos um bem bacana e logo deixamos nossas mochilas. Depois da discussao e do perrengue que passamos, vimos que mereciamos uma boa e gelada cerveja. E assim, seguimos em direcao ao Hoan Kiem Lake, um lago localizado no centro e nao muito longe de onde estavamos.

Meu, sair nas ruas de Hanoi e uma aventura a parte. As vias estreitas carregam uma quantidade alucinante de motos e rickshaws. As calcadas tambem sao lotadas. De pessoas, de mesinhas dos pequenos bares e barraquinhas de ruas. Muvuca, por todos os lados. Ha uma ordem nesta desordem, que comecei a aprender ao atravessar a rua: o negocio e manter o ritmo normal, nao correr nem parar no meio da avenida. Assim, voce comeca a fazer parte deste mosaico e institivamente, os motoristas desviam de voce. A tatica quase sempre funciona….

A muvuca e sonora e visual e voce se ve assim, bombardeado de informacoes. Mas mesmo assim, e fascinante estar ali.

Paramos num restaurante em frente ao lago e, apesar do lugar ser um pega-turista, a vista era barstante prazeirosa. O lago a nossa frente traz uma historia interessante. Dizem que durante o seculo XV, o imperador Ly Thai To recebeu uma espada dos ceus. Com ela, conseguiu reconquistar o dominio sob o pais e espantar os chineses que se apoderaram da regiao.Ao passear pelas margens do lago, uma tartaruga dourada apareceu, surrupiou a espada e sumiu por entre as aguas e por isto o lago leva o nome de Hoan Kiem Lak, que quer dizer o lago da espada recuperada… (mas deveria ser perdida, nao?)

Voltamos para o hotel pelo Hang da Market, um mercado de rua noturno cheio de barraquinhas vendendo roupas, DVDs piratas e artigos para casa.

Descansamos bem e logo que o dia amanheceu, saimos para explorar a cidade. Ali no Old Quarter mesmo ha varias atracoes a serem visitadas, nao muito distantes.  A luz do dia, as ruas parecem diferentes.

Ainda ha  o mesmo rebulico constante de pessoas e motos. Mas agora da para ver melhor os predios, as lojas e entender melhor a cidade. Na nossa area, o comercio parece ser dividido por especialidade, tipo as vezes passamos por varias lojas vendendo panelas. OUtras, sapatos. Ali proximo do nosso hotel, as lojas vendem fechaduras, o que achei otimo, pois se me perder, e so perguntar onde posso comprar uma tranca…

Os predios, em pequenos detalhes, as vezes lembram um pouco os suburbios de Paris, com suas sacadinhas de ferro com detalhes trabalhados. Mas a frente estreita e uma caracteristica propria daqui mesmo. As vezes da para ver apos os fundos da loja, um pedacinho da casa do seu proprietario, que deve habitar ali com a familia inteira, incluindo os pais, esposas, filhos.


As vezes tambem encontramos com camponeses com aqueles chapeuzinhos em formato de triangulo, carregando frutas e vegetais em trouxinhas, penduradas em cada lado de um pedaco de madeira.E claro, muitos turistas.

O Old Quarter e a area favorita dos ocidentais e, depois de passar por lojas bem simples, entramos numa rua cheia de agencias de viagens. Pesquisamos em tres delas um tour para ir ate Halong Bay e ficamos de cara com a discrepancia de precos entre elas. Fechamos com uma agencia que nos ofereceu um tour bem bacana, por 95 dolares, passaremos dois dias em um barco-hotel na baia e a ultima noite num hotel. Todas as refeicoes estao inclusas, bem como todos os passeios. Otimo.

Continuamos nossa circulada pela cidade e chegamos ate o lago. Fomos visitar o Ngoc Temple que fica numa ilha e dali, continuamos pelo parque.

A passarela em volta e como um oasis. Passeando por entre as arvores, dificil acreditar que a muvuca nao esta muito longe dali. A atmosfera e tranquila e prazeirosa.

Caminhamos em direcao ao Museu de Etmologia do Vietnam. Paramos para comer numa das barraquinhas e cara, morri de rir. As mesinhas na rua tinham o mesmo tamanho daquelas mesinhas de criancas, de plastico, aquelas que usavamos para brincar de casinha. O Al tem mais de um metro e oitenta. Ver ele ali espremidinho, tentando se equilibrar, cara foi hilario!!!

As pessoas aqui sao pequenininhas e mais marginhas que os ocidentais. Tambem, embora o turismo esteja crescendo bastante no pais, a lingua as vezes e uma barreira e e preciso ficar atento, pois mais de uma vez perguntei o preco com antecedencia na hora de pedir um lanche, para descobrir depois que ‘havia ouvido errado’…Da proxima vez vou pedir para eles escreverem. E assinarem embaixo! ahhahahah

O museu fica num predio lindo, estilo neo-colonial. A exposicao ostenta alguns artigos interessantes, mas fiquei um pouquinho desapontada, pois nao ha quaisquer referencias sobre a guerra. Segundo o Al, que ja esteve no pais antes, uma das maiores mostras esta em Saigon, ou Ho Chi Minh City.

Mas so de estar ali, e impossivel nao pensar no assunto. Principalmente porque nao faz tanto tempo assim que o pais esteve em guerra e, aqueles senhores de sessenta e poucos anos que vemos na rua provavelmente participaram do conflito. Alias, quase todo mundo que vivenciou o periodo participou de uma forma ou de outra.

Ali comecou uma admiracao por este pais que ao longo dos anos passou por guerras apos guerras, escapou de um colonialismo brutal e enfrentou o pais mais poderoso do planeta.

O Vietnan veio ao longo dos seculos enfrentando gigantes sejam eles chineses, franceses, ou americanos. Contra os primeiros, foram quase dez seculos de resistencia para enfim obterem sua independencia politica, que durou ate 1883, quando a Franca anexou seu territorio como colonia.

Durante este periodo, a resistencia mais eficiente contra o dominio europeu veio de uma organizacao comunista, fundada por Ho Chi Minh, a Liga Revolucionária para a Independência do Vietnã, em 1925. A liga tambem foi a unica a resistir eficientemente a ocupacao japonesa no pais, durante a segunda guerra mundial.

Apos a retirada do exercito japones, Ho Chi Minh e seu grupo ja controlavam grande parte do pais e assim, declararam sua independencia.

Em 1946, a tentativa francesa de restabelecer o colonialismo no Sudeste Asiático provocou a Guerra da Indochina, em que o imperialismo francês enfrentou grupos de guerrilhas no Vietnã e no Laos, culminando com a derrota francesa na Batalha de Dien Bien-phu em 1954.

A Conferência de Genebra, de 1954, convocada para negociar a paz, reconheceu a independência do Vietnam, mas temporariamente diviu o pais em dois, o Vietnam do Norte, socialista  e liderado por Ho Chinh Min e o Vietnan do Sul, pro-capitalista e liderado por Ngo Dinh Diem.

Este ultimo era um lider catolico e anti-comunista que ficou conhecido pela brutalidade de seu regime e acabou sendo assassinado por sua propria tropa, em 1963. Em 1964, o governo de Hanoi, ao Norte ordenou que suas tropas infiltrassem-se ao sul do pais e o regime de Saigon chegou proximo ao colapso.

Em 1965, os EUA enviou suas primeiras tropas de combate, bem como o fizeram os paises da Coreia do Sul, Australia, Tailandia e Nova Zelandia.

Sem poder contar com o poderoso armamento belico americano, mas fazendo uso do  bom conhecimento de seu espaco geografico, os Vietcongs utilizaram-se de tecnicas de guerrilhas, emboscando tropas inimigas com ataques surpresas.

Em 1968, durante o Ano Novo Lunar celebrado no Vietnam, as forcas de Ho Chinh Min e do Vietcong quebraram a tregua esperada durante este periodo do ano e desfecharam um ataque de surpresa , conhecido como ‘Ofensiva do Tet’, que compreendeu o ataque de mais  de cem cidades no Vietnã do Sul, incluindo à embaixada dos Estados Unidos.

A ofensiva foi mais eficaz no plano moral do que no real, uma vez que ate entao, as informacoes difundidas pela midia era de que o exercito americano sairia do Vietnam vitorioso. O ato causou repercussao e confusao e as demandas para o termino do conflito tornaram-se mais intensas. Em 1973, os americanos deixaram o pais e em 1975, o exercito comunista tomou conta de Saigon.

Com o final da Guerra Fria e com o colapso da Uniao Sovietica em 1991, o pais se reaproximou do Ocidente, recebendo investimentos estrangeiro e alimentando-se da industria do turismo e e um dos paises que mais cresceu no Sudeste da Asia.

Nao ha como esquecer um passado tao cheio de acontecimentos. A figura de Ho Chin Minh esta espalhada por toda a cidade atraves de posteres. Como em Moscow, aqui tambem ha um mausoleu onde o corpo embalsamado do lider encontra-se exposto em uma redoma de vidro e pode ser visitado em algumas epocas do ano.

Como amanha cedinho partiremos para Halong Bay, nao teremos a oportunidade de ir visita-lo…Entao, depois de experimentar uma das famosas baguetes de rua, um dos legados franceses na cidade brindamos com uma cervejinha, num restaurante no topo de um ds predios que circundam o lago.

Infelizmente estamos com problemas em nosso memory card e nao pudemos postar nossas fotos e filmes para este post. Utilizamos as fotos dos sites:

http://www.tripadvisor.com
http://www.hotels-in-vietnam.com
http://www.travelblog.org
http://www.traveladventures.org
http://www.britannica.com

Laos – Vientiane

24 de janeiro de 2009

Somos um casal internacional. Eu sou brasileira, ele e australiano e nos dois passamos uma boa parte de nossas vidas em Londres. Consequentemente, temos amigos espalhados por quase todo o mundo.

Durante nossa viagem, tentamos encontrar com varias pessoas que conhecemos, mas, como fomos fazendo nosso roteiro assim meio as pressas, algumas vezes rolou, outras nao, afinal as pessoas tem seus proprios planos tambem.

E em Vientiane aconteceu a mesma coisa. David e um amigo do Al da epoca da faculdade. Eles, assim que se formaram em Geologia, fizeram uma viagem fantastica de Melbourne a Perth, onde estao as maiores empresas de mineracao da Australia. Atravessaram o deserto no centro do pais e batalharam juntos pelo primeiro emprego depois de formados.

Depois de muitos anos, o Al se mudou para a Inglaterra, comecou uma carreira nova em IT e os dois meio que perderam contato. David continuou trabalhando como geologo. Morou na Tailandia, Bali e Laos, onde casou com uma residente local e teve dois filhinhos lindos.

Conversamos com ele algumas vezes durante a viagem e pegamos seus contatos. Infelizmente, nas proximidades de nossa vinda a Laos, ele mudou-se para Jakarta, em funcao do trabalho. Mas nos convidou para ficar na sua casa.

Chegamos em Vientiane e ligamos para Tutka, a cunhada do David. Ela veio nos buscar no aeroporto, com uma amiga super simpatica. Nossa, nos ultimos meses foi um tal de chegar ir atras de taxi, ir atras de hotel, carregando a mochilona, que esta gentileza de vir nos buscar teve um valor todo especial.

Elas chegaram em poucos minutos e no caminho viemos o tempo todo conversando. Parecia que nos conheciamos ha tempos! Vieram nos mostrando os principais pontos turisticos da cidade, e a certa altura perguntaram se queriamos ir para a casa ou ir para a balada com elas.

Embora estivessemos um pouco cansados, nao resistimos. Pegar balada com a galera local e outra coisa. E assim fomos ate um dos bares as margens do Rio Mekong.

O bar era lindo, com decoracao bem cuidada, fontes artificiais, e uma area de vidro separada, onde estava o grupo de amigos que elas haviam deixado para ir nos buscar no aeroporto.  Aparentemente, Tutka& friends estavam no ultimo ano da faculdade de Business e, como todos em vida universitaria, tinham uma vida social super agitada.

Foi tao louco, olhando ali para eles, tive um flashback. Nos meus tempos de faculdade, era exatamente isto


que estava fazendo, era este o jeito que pensava. E, como sou mestica, nossa aparencia tambem era fisica. Foi muito doido, me identifiquei com elas pra caramba. Quando tinha a idade delas tambem era assim, se me perguntassem meu nome, nao saberia responder. Mas sabia nome, endereco e codigo postal de todos os bares de Sao Paulo!

A noite estava otima. A balada em Vientiane e agitada, as meninas se produzem no ultimo e vinho e coqueteis parecem ser mais populares que a Lao Beer.

Tambem e costume mudar de bar varias vezes durante a noite. E assim, nos, nossas anfitrias e cia, seguimos para o bar seguinte.

Este era mais um club do que um bar. O som altissimo vinha acompanhado de um show de luzes super

intrigante: muitos, muitos, muitos feixes de luzes, como aquelas canetinhas que emitem um fio de luz vermelho, movimentando-se com rapidez pelo ambiente. O som mudava a cada dez segundos. Definitivamente, para o DJ quantidade era sinonimo de qualidade. Ou ele estava tentando tocar a musica preferida de cada um do club que por sinal estava lotadesimo.

Mesmo com o barulho, conseguimos conversar bastante e, quando comecei a falar do Brasil, percebi o quanto longe de casa estava. Foi a primeira vez que me dei conta do quanto ja rodamos, quao geograficamente estamos afastados, aqui em Laos, um pais que quase nunca aparece nos noticiarios.

E ouvi tambem muitas historias, a menina que gostava do menino, que estava ali atras da agente, mas que ele nao prestava atencao a ela. Que ela jah havia se declarado, mas ele gostava de outra. Dos sonhos de cada um apos terminar a faculdade. Da vontade de conhecer o mundo. Dos pais, da familia, das viagens com os amigos. E cheguei a conclusao que, no mundo, por mais diferentes que sejam nossos paises e  costumes, a essencia do ser humano e igual.  Nos apaixonamos, sonhamos, batalhamos de maneira parecida. Cuidamos de nossa familia, buscamos por bons momentos, curtimos nossos amigos de maneira exatamente igual.

Nesta mesma noite, mudamos de bar mais outras duas vezes. E, no final, confesso, estava acabada. Ai o flashback acabou e vi que nao estou mais na epoca da faculdade, e que carrego comigo mais de dez anos de balada que eles e implorei a Tutka para irmos embora.

Viemos de carro pelo caminho, com uma das meninas pendurada numa das janelas, tomando ar e dando boas risadas de nossa noite.

Chegamos na casa de David, que fica na mesma area da casa dos pais de Tutka.  A casa tinha o estilo arquitetonico das construcoes em Laos: a area maior fica no piso superior, que eh suspenso por colunas. O telhadinho oriental, a varanda ornamentada com detalhes em madeira. Por dentro, era linda. E enorme. Lembrando dos lugares que ficamos durante a viagem, parecia que estava delirando.

Dormimos super bem e pela manha, Tutka veio nos chamar para tomar cafe da manha na casa dela. Estavamos numa ressaca animal, monstruosa. Seguimos para la. Os sogros do David estavam sentados a mesa, calmamente lendo os jornais.

Comecamos uma conversa super prazeirosa sobre o pais, a economia e sobre nossas vidas.

Tutka comecou a servir o cafe-da-manha. Nao sei se ainda estava alterada da noite anterior, mas cai de amores por eles. Os pratos comecaram a ser servidos, primeiro, o arroz grudadinho, que aqui chama-se ‘sticky rice’. Depois, uns peixinhos a milanesa. Varios vegetais diferentes e molhos ainda mais diferentes. E o prato principal: numa travessa, um monte de bichinhos cozidos a vapor.

Olhando de longe, pareciam gafanhotinhos descascados. Nao dava para distinguir bem o que eram, mas dava para ver que eram insetos. Dava para ver os olhos, as perninhas, as antenas. O pai da Tutka entao explicou que eram larvas de vespas. Aqui em Laos tem uma especie de vespas que sao enormes e super perigosas. A picada e tao forte que chega a matar.

Tais vespas colocam ovos sob a terra e quando estes tornam-se larvas, sao retirados e vendidos para o consumo.

Nao sei se ainda estava meio alta da noite anterior, ou se a simpatia deles me deixou meio embriagada, ou se estava curiosa, ou se esta viagem me abriu tanto a cabeca que nao me assusto com mais nada, ou se tudo isto junto. Mas provei os insetinhos e, posso ser sincera? Adorei. As larvinhas de vespas tem sabor de camarao e temperadinhas com os molhos certos, sao uma delicia.

Quem me conhece sabe que sou meio fresca para comer. Mas isto me mostrou como deixamos de fazer coisas por bobagens que colocamos na cabeca.

Depois do cafe, eles nos levaram ate o centro. O calor la fora, juro nao tinha comparacao, ganhava de Piracicaba ou Ribeirao Preto. O sol estava ardendo. E nos ali ressacados, meu, tava foda. Paramos num cafe e tomamos tres ‘watermellow shakes’ cada. Aqui eles fazem este suco que nada mais e do que melancia batida com gelo, que e uma delicia no calor.

Quando tomamos coragem, seguimos ate o Talat Sao, um mercado gigantesco. Dali, seguimos para a Promennade, uma passarela as margens do Rio Mekhong cheia de restaurantes e barraquinhas oferecendo massagem.

Dali, no lado oposto a margem esta a Tailandia. Parece tao pertinho! Em funcao da localizacao, a cidade de Vientiane teve um passado historico super turbulento. Laos na verdade, antes dos franceses chegarem, era um agregado de povoados distintos, que viviam em conflitos e invasoes constantes.  O mais proximo que o pais veio a conhecer de unidade territorial foi no seculo XIV, quando a cidade de Wieng Chang (Vientiane) foi conquistada juntamente como parte do norte da Tailandia, Luang Prabang bem como outros povoados regionais, por Fa Ngum.


O territorio passou a ser conhecido como Lan Xang, que quer dizer a Terra de Milhares de Elefantes. E assim permaneceu por mais alguns reinados, ate que durante o seculo XVIII, Lang Xang sucumbiu aos avancos siameses no pais.

Os franceses, que ja haviam conquistado o Vietnam, negociaram um tratado com o Siao dividindo as terras de acordo com o contorno do Rio Mekong e assim, surgiu Laos, como conhecemos hoje. O dominio frances na regiao pouco fez para seu desenvolvimento. Apenas permitiu a producao de Opium local, que rapidamente prosperou em larga escala.

Por sua diversidade etnica, levou um certo tempo ate seus habitantes locais formarem um pensamento nacionalista comum e enxergarem que os franceses ali estavam na verdade sobrando.  E este somente aconteceu apos a Segunda Guerra Mundial, quando o exercito japones que dominou a area durante a guerra retirou-se da regiao. O movimento apenas existiu para impedir que os franceses retomassem seu dominio.

A nova nacao independente tambem sofreu periodos de extrema instabilidade politica, que levou a formacao de duas faccoes principais: os Pathet Lao, apoiados pelos Vietnamitas do Norte, China e a extinta Uniao Sovietica e a elite de direita, apoiada pelos Estados Unidos.

Este ultimo, com o avanco do comunismo no restante do Sudeste da Asia, via no pais a chance de conter o movimento. E, como sempre, resolveu acabar com o problema da melhor forma possivel (para eles) e assim, de 65 a 73, Laos se tornou o pais mais bombardeado do planeta. O Leste e o Nordeste do pais foram totalmente devastados pelos EUA.

A ofensiva, como sempre, saiu pela culatra e o partido de direita somente perdeu o apoio da populacao. E estranho ver a mesma historia se repetindo, mudando-se apenas os personagens. Corrigo, um dos personagens, pois o outro aparece sempre, e sempre e sempre  na historia dos conflitos do mundo.

As tropas americanas deixaram o pais em 1973 e em dois anos, os comunistas tomaram o poder e a Republica Democratica do Povo de Lao foi criado.

Ao longo dos anos, o governo percebeu o declinio das nacoes socialistas e o regime esta mais aberto aos mercados internacionais e o pais espera prosperar com a construcao de estradas que colocarao em contato os paises com os quais faz borda.

Mas tais mudancas levarao tempo e atualmente e considerado um dos menos desenvolvidos paises do Sudeste Asiatico.

Vientiane como capital e  bastante distinta. Com apenas 200 mil habitantes, em plena luz do dia a cidade e bastante tranquila. Nao ha quase transito e por voltas nos vemos quase que sozinhos, caminhando entre as belas ruas arborizadas.

Templos aparecem a cada minuto e monges circulam livremente pelo ambiente. Entramos na area de Th Setthathirat, uma rua principal cheia de barzinhos e restaurantes que parece ser o reduto dos expatriados. Estes sim, aparecem com uma certa frequencia aqui e ali. Fico pensando no David, trabalhando por aqui por tantos anos, com familia e sem dominar o idioma. Acho que aqui e que nem Londres, tem bastante estrangeiros morando na cidade e assim, eles formam os seus grupos e e facil viver bem, falando apenas o ingles (ou frances, que ainda e ensinado nas escolas).

Voltamos para a area do Rio e ali assistimos ao por-do-sol, lindo.

No dia seguinte, nos despedimos de Tutka, que foi para a Tailandia com a mae. Ela nos deixou a chave do jipe do David e assim, aproveitamos nossas ultimas horas na cidade para fazer um pouco mais de turismo.

Como Luang Prabang, Vientiane tambem tem uma forte presenca francesa em seus monumentos e vias. Aqui tambem tem um Arco do Triunfo, que e chamado de Patuxai e, como a Champs Elisee, fica bem ao final da via mais importante da cidade, a Th Lan Xang.

Nao muito distante dali, fica a Pha That Luang, o monumento mais importante da cidade, pois alem de celebrar o Budismo como religiao oficial do pais, tambem e um simbolo de sua independencia politica. Diz a lenda que ha um pedaco do osso da caixa toraxica de Buda enterrado nesta area, mas o fato ainda nao foi confirmado.

O lugar e simplesmente fantastico e e aqui que ocorrem as principais celebracoes da cidade.

Terminamos nosso tour com um almoco delicioso as margens do Rio. E assim nos despedimos de Laos. No horario marcado, pegamos nossas malas e seguimos ate o aeroporto. Hoje a noite, atravessaremos mais uma fronteira: Vietnam! Vejo voces la.

Luang Prabang – Laos

19 de janeiro de 2009




O aviao comecou a descer. Abaixo de nos, um mar interminavel de montanhas e florestas. O verde da mata, o relevo da geografia, o ceu claro e limpo, o Rio Mekong recortando a paisagem com suas aguas avermelhadas, foi emocionante chegar em Laos.

O caminho do aeroporto ate o centro tambem veio recheado de boas surpresas. Laos contraria aquela ideia que temos de paises asiaticos, superpovoados e com transito caotico. O Al ja havia estado ali muitos anos atras e a primeira referencia que fazia era de que o pais parecia estar eternamente cochilando.

E assim, viemos pela estrada de terra avermelhada, passando por casebres de madeira, com as montanhas maravilhosas ao fundo. Cortamos rios, passamos por pontes de concreto antigas, uma sensacao de tranquilidade geral apenas sendo interrompida por algumas motinhos, que devem ser o meio principal de transporte por estas bandas, ja que quase nao vi carros.

Outra sensacao que tive foi a de isolamento. Laos parece ter sido trancado numa aboboda que o separa do restante do mundo. O regime comunista em muito atrapalhou seu desenvolvimento. Mas tambem, ali foi o pais mais bombardeados do planeta. Visto como um dos pontos-chaves para a contencao do avanco comunista no Sudeste da Asia, Laos foi praticamente estracalhado por um arsenal poderoso americano. Cerca de 270 milhoes de minibombas foram lancadas sob o pais durante as decadas de 60 e 70 e quase um terco delas ainda nao explodiram. Alem de ser uma das grandes causas de acidentes no pais, elas tambem tornaram uma consideravel parte de seu territorio inaproveitavel.


Chegamos em Luang Prabang no finalzinho da tarde. Nosso hotel ficava a frente do Rio Mekhong, numa rua cheia de restaurantes, com terracos as margens do rio, que parece ser o coracao das cidades deste pais. Caminhando pelas ruas de paralelepipedos, foi facil entender porque dizem que esta e uma das cidades mais bonitas de Laos. As ruas de pedra ostentam casaroes antigos, ainda do periodo da Indochina, e estes vivem lado a lado com templos budistas, casebres e mercadinhos orientais.

E uma estranha e bela mistura, os detalhes europeus ainda presentes, seja nos postes de iluminacao pretos, que lembram aqueles de Paris, monges com seus robes laranja passeando tranquilamente, adolescentes guiando a moto com uma mao e segurando um guarda-chuva na outra, um cenario tao diferente, como se cozinhar coq-au-vin, com molho de shoyu.

Caminhamos um bom tempo pelo centro, a cidade e bem pequenininha e e facil cruza-la de canto a canto. Experimentamos um excelente ‘Lap’, um prato tipico daqui que consiste em uma carne moida, temperada com ervas da regiao e bastante pimenta, que geralmente e servida com salada. Maravilhoso.

A noite por aqui e bem tranquila. Acho que o turismo no pais ainda esta dando os seus primeiros passos e, embora encontremos alguns mochleiros aqui e ali, a cidade dorme cedo, e acorda cedo tambem.

Fazia muito tempo desde a ultima vez em que acordei com o galo cantando. Descemos as escadas do hotel e a senhora que trabalhava ali ainda estava ajeitando a sala, que de noite vira um quarto onde um senhor e algumas criancas dormem.

Atravessamos a rua e fomos ate o restaurante logo de frente. A paisagem estava linda, o rio avermelhado com suas aguas rapidas volta e meia ostenta um daqueles barcos finos e compridos, aqui conhecidos como ‘long boats’. Alguns vinham carregados de locais, vindo de algum vilarejo nas proximidades do rio, para resolverem seus afazeres na cidade, como ir a um supermercado, ir no medico, etc. Outros, com turistas explorando as atracoes ao longo do Mekhong.

Estudamos nossas opcoes para o dia, e decidimos ir ate a Kuangsi Waterfall, ha cerca de 36 km ao sul. Esperamos dar o horario de saida de nosso tour e seguimos para la, num dos cafes. O Al tem razao, a cidade parece estar sempre sonolenta, olhando dentro dos carros parados, motoristas cochilam durante o dia, enquanto nao aparecem passageiros. O mesmo acontece com as casas que porcausa do calor forte, deixam as portas abertas e la de fora da para ver os pezinhos das pessoas deitadas no chao.

E ai deu para entender, existem lugares no mundo onde o ritmo e diferente. Nos estamos acostumados a acordar, correr, mal tomar cafe da manha, sentar no carro, ir trabalhar, correr o dia inteiro e voltar para casa e continuar correndo. Ali nao, ali o tempo passa devagar, a vida segue tranquila, voce acorda quando tem que acordar e corre, se tiver que correr. E ali conclui que nao sao eles que sao dorminhocos. Somos nos que somos estressados.

Nosso motorista veio nos chamar e depois de algumas horas de estrada, chegamos ate a cachoeira. Ela fica num parque nacional que tambem e um refugio para ursos. As quedas sao divididas por planos e, olhando de frente, assemelha-se a uma torre de tacas de champagne. Na luz do dia, o visual era simplesmente maravilhoso.

Fizemos uma trilha ate o topo que foi extremamente cansativa, mas cair na agua debaixo daquele calor, foi um sonho. Retornamos a Luang Prabang no final da tarde e fomos ver os mercados de rua. A cidade tem dois mercados bem famosos, o principal deles e o Phousy Market, ao Sul do centro da cidade. Foi bacana, mas confesso, nao da para compara-los com os megamercados de Chiang Mai.

No dia seguinte, fomos ate o porto e pegamos um longboat pelo rio, ate a Pak Ou, ou a ‘Caverna de Budha’, como tambem e conhecida, ha cerca de uma hora de Luang Prabang. O lugar na verdade e formado por duas cavernas, que vem sido utilizadas ha mais de quinhentos anos por moradores locais.

Eles trazem estatuetas de Buda e ali as deixam para adoracao. Hoje ha cerca de centenas de imagens espalhadas por ali.


Nos arredores, varias criancinhas vendiam uns passarinhos presos em gaiolas minusculas. Nao entendi se estavam vendendo os passarinhos ou se o dinheiro seria para solta-los, ja que as jaulinhas eram tao pequenas que eles mal podiam se mover.

Na volta, paramos em Ban Xang Hai, um vilarejo as margens do rio que tambem e conhecido como ‘Whisky Village’, porque produzem ‘Lao Lao’, uma bebida de alto teor alcoolico. Acompanhamos a preparacao e provamos um pouquinho, e sim, lembra um pouco whisky, embora nao seja grande conhecedora do assunto.

Voltamos a Luang Prabang e passamos nossa ultima noite na cidade num barzinho super bacana.

Pela manha, arrumamos nossas coisas. Nosso voo ate Vietiane sai apenas no final da tarde, entao usamos o restante do tempo para conhecer alguns templos. Ha alguns templos que ficam na colina de Phu Si, e a subida ate ali, embora cansativa realmente vale a pena. No caminho, fomos encontrando estatuetas douradas de Buda, em diversas posicoes de meditacao diferente. La de cima, a vista era simplesmente fenomenal.


O caminho abaixo tambem foi de encher os olhos, ja que fomos descendo uma escadaria de pedras maravilhosa. Ficamos tao encantados com o lugar que quase esquecemos da hora. Corremos de volta ao hotel, e saimos pelas ruas como doidos atras de um taxi para o aeroporto. Quando finalmente conseguimos, nos despedimos da tiazinha do hotel e pegamos estrada.

Para nossa sorte, o taxi quebrou no meio do caminho. Um tuk-tuk que por ali passava topou nos levar ate o restante do percurso e assim, aos trancos e barrancos chegamos em cima da hora para o nosso voo. Ainda deu tempo de olhar para tras e rever a sensacao que tive quando cheguei ali e me encantar novamente com este lugar tao especial.

Chiang Mai – Tailandia

27 de dezembro de 2008


O trem que pegamos ate Chiang Mai e um destes trens noturnos, e deveremos chegar ao nosso destino pela

manha. Eu simplesmente adoro viajar assim, acho que voce ve muito mais do pais desta maneira, quando cruza a cidade ate seus suburbios mais distantes, ate passar por areas desabitadas, fazendas, campos, fora dos centros comerciais e turisticos. E como chegar na casa de alguem de surpresa pela manha.

Os trens na Tailandia sao bem modernos e limpos. Nosso vagao veio lotado de mochileiros, uma galera bem nova, e bem internacional, que vieram fazendo a maior festa.

Na hora de dormir, um funcionario apareceu ali do nada, meio que adivinhando nossa intencao e, com uma rapidez impressionante, reenclinou as poltronas transformado-as em camas, colocou o lencol,  cobertor e assim, a cama apareceu arrumadinha para nos. Cada caminha tem uma luz de cabeceira e cortinas e voce fica la dentro fechadinho, apesar deque, com o barulho que a galera veio fazendo, foi dificil dormir.

Pela manha, acordamos com o cafe-da-manha, que uma funcionaria veio nos trazer. O tiozinho arrumador de camas apareceu de novo, e rapidamente transformou as camas em poltronas de novo e colocou uma mesinha entre elas. E ali, tomando um cafezinho super gostoso, me perdi na paisagem que corria a minha frente.

A vegetacao e espessa, as arvores intercalam-se com matos altos, flores exoticas as vezes aparecem. Ha um toque de tropical, mas ha tambem um toque oriental. A mata e bem distinta. E linda. Nao me canso de olhar.

Chegamos em Chiang Mai ja no comeco da tarde. Saindo da estacao, varios taxistas nos aguardavam, com sugestoes de acomodacao nas proximidades, entao apenas subimos num dos veiculos estacionados ali na porta da estacao. Percorremos pela cidade, que por sinal e encantadora, cheia de belos templos e recortada por uma muralha anciente. Logo chegamos numa pousadinha super bonitinha, decorada com belos moveis de madeira trabalhada e, adivinha, a galera do trem  tambem apareceu por al.

Descansamos durante a tarde e a noite, fomos conhecer os famosos bazares noturnos da cidade. Caminhamos um tanto ate que as barraquinhas comecaram a aparecer, tanta coisa legal, nossa da vontade de comprar tudo o que vemos pela frente! Mas a mochila ja tah pesadinha do jeito que esta, entao, apenas comprei uma sandalia imitacao da marca alema Birkinstocks.

Jantamos ali pelo mercado, numa das varias barraquinhas de comida. Ao voltarmos para o hotel, os mochileiros do trem tavam ali pela piscina. Comprei umas cervejas e nos juntamos a eles. O grupo era bem variado, umas meninas alemas, um americano, alguns holandeses. Eles estarao indo para a ‘Full Moon Party’ que acontecera na ilha de Ko Phan Gan, onde tambem iremos.  Os donos do hotel tambem aderiram ao nosso grupo e colocaram na mesa um whisky local que era um averdadeira bomba.

A noite foi divertidissima. Pela manha, enquanto tomavamos cafe-da-manha, estudamos o mapa da area. Vi uma menina colocando umas fotos na internet de tigres bebes e fiquei super curiosa: em algum lugar por ali perto deve haver uma reserva. E seria um sonho ir visita-los. Vasculhamos o mapa ate que encontramos o lugar. Alugamos uma motinho e para la fomos.

A reserva nao ficava muito longe e o caminho para la foi bem bonito, pois fora da area urbana, da para ver as montanhas que cercam a cidade. O ‘Tiger Kingdom’ como e conhecido e um santuario onde tigres sao criados para depois serem vendidos para zoologicos. A visita consiste em 3 etapas que variam de acordo com a idade media (e tamanho) dos animais. Comecamos pela maternidade.

Logo que chegamos, fomos recebidos pelos tigres bebes, que ja possuem o tamanho de um cachorro de porte medio. Eles estavam bem agitados, e nao sao nem um pouco timidos com pessoas a sua volta, eles se aproximam, brincam, mordem. No quarto ha um funcionario responsavel em manter os tigrinhos ‘na linha’: com um pedaco de bambu na mao, ele bate na cabeca dos animais cada vez que eles fazem algo de errado, como atacar os turistas por exemplo. Aos poucos o animal vai se acostumando e a necessidade de acoita-los e cada vez menor.

Mas mesmo assim, acho a ideia de domestica-los um tanto distante. Aqueles bichinhos de aparencia fofa, olhos arregalados e patas enormes nao sao gatos grandes. Sao tigres.Nao gostam de ser acariciados e as vezes parece que estao se posicionando para ter o melhor angulo para pular em voce. E ao verem o Al, meu, eles ficaram doidos. Serio mesmo, foi ele entrar no quarto, todos os tigrinhos se aproximaram. Um deles comecou a morder a camisa do Al. Outro, o pe. Mas fora um arranhaozinho aqui e outro ali, nada serio aconteceu.

Dali passamos para a area onde estao os tigres com 6 meses de idade. Novamente, o Al acabou atraindo a atencao deles que, vez por outra pulavam sob ele querendo brincar. Ou eles acharam que ele tambem era um tigrinho, ou ele (o Al) estava com cheirinho de zebra, ahahhaha, o que acho que e mais provavel (ai se ele me ve falando assim…).

No final, fomos ver os tigres maiores, com 11 meses de idade. Neste estagio eles alcancaram apenas 1 terco do seu tamanho adulto, e olha, ja sao enormes! Mas por incrivel que pareca, os maiores foram os mais comportados, acho que a tecnica do bastao de bambu da certo mesmo, pois os maiores, de todos os que vimos, eram os mais tranquilos.

Foi um momento inesquecivel, sentir de pertinho estes animais, tao bonitos quanto perigosos.

Na volta, paramos para conhecer alguns templos. Chiang Mai ostenta mais de 300 templos espalhados pela cidade, quase a mesma quantidade que em Bagkok, mas numa area geografica bem menor, o que confere a cidade uma aurea de encantamento.

As ruas tambem parecem ser menos produzidas, apesar dos ‘hoteizinhos da moda’ que se multiplicam pela regiao. Dizem que no passado a cidade era acessivel apenas por elefantes e por esta razao, ela foi uma das que mais conservou suas tradicoes locais.

E, para conhecer um pouquinho mais sobre estas tradicoes, encerramos a noite com um torneio de Mai Tai, ou boxe tailandes como tambem eh conhecido.
Atravessamos a cidade e chegamos ate a Arena Principal, onde estava acontecendo o torneio. Pelo programa, naquela noite teriamos 11 lutas, algumas delas pela disputa do titulo de campeao, bem como premios em dinheiro.

Olhando pelo programa, e principalmente pelo peso dos lutadores, me senti assistindo a uma competicao escolar, pois o mais pesadinho ali tinha por volta de 60 kilos. Mas nao, embora alguns parecam mesmo com criancas, o tipo fisico das pessoas por aqui e mesmo menor que na Europa e Brasil.

A primeira luta que assistimos foi entre dois menininhos, que deveriam ter uns doze, treze anos. Apesar da pouca idade, ambos possuiam musculos super bem definidos e, com o entoar de uma musica que seguia sempre o mesmo ritmo, trocavam socos e muitas joelhadas entre si. Apesar da pouca idade, eles lutavam como homem feitos e nao deu para nao sentir um pouquinho de pena, pois eles deveriam estar na escola, ou brincando na rua, ao inves de numa arena, praticando um esporte tao violento.

As lutas, com o passar do tempo foram tornando-se mais e mais pesadas. Aonde havia disputa de titulo entao, nem se fala. Todos os movimentos eram seguidos pela plateia que pareciam ir a loucura quando um dos chutes/socos acertavam o oponente em cheio.

Ao lado do ringue, uma multidao parecia alvorocada, homens trocando notas de dinheiro entre eles. Fui la para ver o que estava acontecendo e um rapaz me explicou que ali eles estavam na verdade apostando dinheiro em quem iria ganhar. Achei estranho, pois nao havia uma banca, ou alguem que tivesse encarregado de tomar conta das apostas. Um senhor se aproximou e perguntou quem eu achava que iria ganhar, eu escolhi o homem de calcao azul, ele escolheu o de vermelho e assim, parece que apostamos. Bom, perdi a aposta, mas ele nem deu bola em receber o dinheiro. Nao entendi nada.

Muitas lutas depois (uma ateh com um knockout!), voltamos para nosso hotel. Amanha seguiremos para Luang Pra


Bangkok – Tailandia – 2008

18 de dezembro de 2008

Por mais que voce leia, se prepare, pegue todas as dicas que puder, chegar num pais novo e sempre um encontro com o inesperado. Fora Mc Leod que juro por Deus, mas parece que sonhei com aquele lugar, todos os lugares que estivemos foi assim, tipo, sair do aeroporto, olhar pro ceu, para as pessoas, ate para o cinzeiro do aeroporto, e se ligar que aqui e tudo diferente….

E, Tailandia, entao, nem se fala. Li o livro de Alex Garland, ‘a Praia’ e tambem assisti ao filme, por isto, a ideia que tinha de Bangkok era aquela visao, ruas cheias, galinhas cruzando as vias, barraquinhas espremidas no meio da calcada vendendo sangue de cobra, essas coisas.

A cidade começou como um pequeno centro comercial e comunidade portuária,  servindo a cidade da Ayutthaya, que era a capital de Siam até que caiu nas mãos de Birmânia em 1767. Em 1782, a capital foi estabelecida em Thon Buri (agora parte de Bangkok) no lado oeste do rio. O rei Rama I construiu um palácio sobre a curva do rio e fez de Bangkok a sua capital, renomeando-a Krung Thep, que significa “cidade dos anjos”.

Uma curiosidade e que a cidade tambem esta listada no livro Guiness dos recordes, porcausa da extensao de seu nome original que na integra le-se: Krung Thep Mahanakhon Amon Rattanakosin Mahinthara Yuthaya Mahadilok Phop Noppharat Ratchathani Burirom Udomratchaniwet Mahasathan Amon Piman Awatan Sathit Sakkathattiya Witsanukam Prasit, ufa!

Descemos e logo tomamos nosso rumo ate a Kho San Road, o reduto dos mochileiros na cidade. Ali, a rua principal e fechada para o transito, e e lotada por barraquinhas vendendo desde roupas de praia, varios DVDs piratas, vestidinhos lindinhos, artesanato, etc. Uma barraquinha em especial me chamou a atencao, pois atraves de um cartaz oferecia forjar documentos como carteira de motorista, RG, Diplomas, etc…

Depois de nosso perrengue todo na noite anterior, decidimos pegar um hotel melhorzinho e, achamos um ali nas proximidades por meros 60 Reais/noite, com direito a piscina e tudo mais. Cheio de barzinhos em volta e bem em cima do 7Eleven, que pipocam a cada esquina deste pais. Tudo tao facil e bem ali a nossa frente que, depois de nosso dia em Calcuta, nao houve como nao fazer a comparacao: a India era a realidade nua e crua, fascinante, mas que nao faz forca para agradar. A Tailandia e o sonho, e a anfitria que te recebe cheia de sorrisos e flores.

Deixamos nossas coisas no hotel e fomos tomar uma cervejinha na area. Os bares por ali fervem de turistas. Muitos homens de meia idade sozinhos, outros acompanhados por tailandesas, varios grupos de nacionalidades diversas, o clima geral e de festa. Caminhamos por entre as vias, passando por varios restaurantes tipicos, decorados com flores diferentes, bambu, plantas. O clima no ar e tropical, um calor gostoso que me fez lembrar do Brasil. E ali, logo de cara vi que vou adorar este lugar.

Ainda meio cansados da viagem, apenas perambulamos em nosso primeiro dia. Fomos ate as proximidades do Rio Chao Praya e, com o cair da tarde, paramos num dos restaurantes para jantar. A comida tailandesa e um atrativo a parte. A combinacao de sabores e aromas e simplesmente maravilhosa, apesar de algumas vezes ser um tanto apimentada.

Terminamos a noite num barzinho de Ko San rd. No dia seguinte, saimos para explorar um pouco a cidade, entao pegamos um taxi ate a estacao onde sai o Skyline Train, um trenzinho que corre por trilhos elevados, como o projeto do Celso Pitta, o fura-fila (que fim levou ele?).

Mas as estacoes sao limpas modernas e nos trens ha uma diversidade de tipos de pessoas diferentes: executivos indo para o trabalho, os turistas (por todos os lugares), os sex-pats (cinquentoes europeus que visitam o pais em busca de ‘amor’), estrangeiros a trabalho pela cidade alem daquelas mocinhas lindas mas com um pe tamanho 42 e o carocinho da maca do Adao no pescoco.

Caminhamos o dia inteiro e terminamos a tarde na piscina, que fica no ultimo andar de nosso hotel. A vista la de cima e maravilhosa e dali, com o aproximar da noite, ja da para escutar o aumento gradual do borburinho nas ruas abaixo. A noite, Bangkok se transforma.

E aquela ideia de incosciente coletivo, onde as pessoas por saberem que estao em Bangkok sentem aquele desejo de cair na noite atras de diversao. Ou o contrario, Bangkok e assim porque todo mundo foi para la meio mal intencionado….

E fizemos o mesmo. Desde que assisti a ‘Priscila a Rainha do Deserto’ e tambem apos ouvir as historias de amigos meus que vieram para ca e assistiram ao ‘Ping Pong’ show, fiquei curiosa de saber se era mesmo fato ou boato. Entao fomos ate a area de Pat pong. Ha alguns anos atras, a area era um verdadeiro supermercado do sexo. O publico era formado fortemente pelos cinquentoes que mencionei acima, mas hoje, embora eles ainda estejam na area, o lugar tambem e frequentado por turistas de todas as idades.

Ao caminhar pelo mercado noturno, no calcadao entre as boates, varios tailandesinhos vieram nos abordar. O esquema era sempre o mesmo: chegavam com um papel na mao, onde escrito havia uma lista enorme de coisas como ‘Pussy smokes, Pussy Writes letters, pussy rainbow, pussy this, pussy that…’ . Aparentemente, estas eram os atos dos shows acontecendo nas imediacoes.

Depois de nos certificarmos de quanto iriamos pagar, porque nada e de graca nesta terra, entramos. O lugar era pequenininho e a luz vermelha ja era um sinal do que estava pro vir. No palco, algumas tailandesinhas dancavam de biquini, ate que alguem trouxe um bolo de aniversario. Uma das meninas se posicionou bem acima dele e, tirando a parte debaixo do biquini, assoprou as velhinas com aquela parte mesmo que voce esta pensando.

A segunda entrou em cena e colocou um papel no chao. Se aproximou do Alistair e perguntou o nome dele. Colocou uma caneta bem la na perereca e comecou a escrever uma cartinha para o Al. Nossa, olha nunca pensei que esta parte do corpo humano fosse tao cheia de utilidades!

O show tava engracadissimo ate que a certa altura, uma banana voou do palco para nossa mesa!!! Meu, e a menina veio nos pedir para pegar e dar para ela. Eh claro que nao! Tah louca???

Enfim, muito habilidosas, elas demosntraram todas as acrbacias que estavam na listinha. E enfim chegou a hora do ping pong show…A menina sentou com as pernas abertas, colocou a bolinha la dentro, deu uma raquete para o Alistair e assim, a tres, quatro metros de distancia, sacou a bolinha longe. E ainda mirou na raquete!!! Muito, muito engracado. O show em si eh ‘sleazyyyy’ ateh nao poder mais, mas eh divertidissimo.

Saimos do bar e fomos comer nas barraquinhas da rua. Aqui eles fazem tipo um churrasquinho na rua que e uma delicia. Alem de noodles e stir-fries. E ali, nas mesinhas de ferro, com um chicken-sate numa mao e uma cervejinha na outra, ficamos apenas assistindo ao vai-e-vem de gente.

Ate que o Al uma hora vira para mim e diz ‘Olha o que tem bem atras de voce!’. Olhei, vi um tailandesinho me empurrando um saquinho de comida, recusei, olhei para o Al e balancei os ombros como quem diz ‘So What?’. ‘Olha de novo!’.

Olhei e tinha um elefante bebe enorme atras dele. Pulei da cadeira de susto. O elefante estava super inquieto, balancando a tromba para todos os lados.

Aquela cena foi tao surreal que nem eu mesma acredito. So mesmo em Bangkok voce topa com um elefante nas ruas. So mesmo em Bangkok as mulheres atiram bananas com a perereca! Impressionante. Mas depois lendo mais sobre o assunto, aparentemente, devido a grande desmatacao no pais, os elefantes migraram mesmo para a cidade e viraram mendingos, acompanhados de um espertinho que deixa o animal ficar faminto para vender comida para os turistas poderem alimenta-los. Morri de do.


A noite estava otima, mas acho que ficamos satisfeitos com as doideras que vimos hoje entao voltamos para Ko San Rd. Nao era muito tarde, mesmo porque os bares aqui fecham cedo mesmo, por volta da 1h da manha. A rua estava em estado de calamidade publica, muita gente caida pelas sarjetas, uma bagunca!

No dia seguinte, resolvemos fazer um pouco mais de turismo, pois ate agora nao fomos a muitos lugares tipicos, o que na verdade, nem eu nem o Al achamos ruim, mas enfim… Alugamos umas bicicletas, que aqui sao gratuitas e saimos pelas ruas do centro, mas sao tantos templos para conhecer que ficamos meio perdidos e escolhemos por visitar o Wat Pho, onde esta o Budha deitado.

O lugar e simplesmente maravilhoso. A estatua gigantesca do buda deitado e simplesmente fantastica. Apesar de a primeira vista parecer que colocaram ele deitado porque ia ser um trabalhao construir o templo se ele estivesse em pe! Brincaderia….Na verdade a posicao remonta a passagem de Buda para o Nirvana.

Dali seguimos ate o Grand Palace, a residencia oficial do Imperador. Alias, ha fotos da familia real espalhadas pela cidade inteira, pois em agosto foi o aniversario da imperatriz. Dizem que zombar ou criticar o imperador por estes lados de ca e crime penitenciavel.

Continuamos nosso passeio, cruzando pelas ruas da cidade, comprimentando as pessoas que cruzavamos no caminho. Nao e a toa que chamam a Tailandia de terra do sorriso. As pessoas aqui sao tao doces, tao afaveis que a cada minuto tenho vontade de parar e conversar com cada um que encontro.

Voltamos para o hotel ja no fim da tarde e terminamos a noite num restaurante maravilhoso. No dia seguinte, fizemos o check out do hotel e, como nosso trem para Chiang Mai somente sai a noite aproveitamos para nos despedir da cidade com uma sessao de thai massagem.

Diferentemente da sessao que fiz na India, aqui a massagem e muito mais fisica. Ela e feita sob a roupa, e envolve bastante alongamentos e relaxamentos. Tambem a massagista usa bastante forca fisica, que na hora podem parecer dolorosos, mas o resultado e excelente.

Saimos de la felizes da vida. Alias, acho que aqui e a terra do sorriso por causa disto, este lugar e tao bacana que voce chega e sai dali assim: sorrindo!