Arquivo de dezembro de 2008

Chiang Mai – Tailandia

sábado, 27 de dezembro de 2008


O trem que pegamos ate Chiang Mai e um destes trens noturnos, e deveremos chegar ao nosso destino pela

manha. Eu simplesmente adoro viajar assim, acho que voce ve muito mais do pais desta maneira, quando cruza a cidade ate seus suburbios mais distantes, ate passar por areas desabitadas, fazendas, campos, fora dos centros comerciais e turisticos. E como chegar na casa de alguem de surpresa pela manha.

Os trens na Tailandia sao bem modernos e limpos. Nosso vagao veio lotado de mochileiros, uma galera bem nova, e bem internacional, que vieram fazendo a maior festa.

Na hora de dormir, um funcionario apareceu ali do nada, meio que adivinhando nossa intencao e, com uma rapidez impressionante, reenclinou as poltronas transformado-as em camas, colocou o lencol,  cobertor e assim, a cama apareceu arrumadinha para nos. Cada caminha tem uma luz de cabeceira e cortinas e voce fica la dentro fechadinho, apesar deque, com o barulho que a galera veio fazendo, foi dificil dormir.

Pela manha, acordamos com o cafe-da-manha, que uma funcionaria veio nos trazer. O tiozinho arrumador de camas apareceu de novo, e rapidamente transformou as camas em poltronas de novo e colocou uma mesinha entre elas. E ali, tomando um cafezinho super gostoso, me perdi na paisagem que corria a minha frente.

A vegetacao e espessa, as arvores intercalam-se com matos altos, flores exoticas as vezes aparecem. Ha um toque de tropical, mas ha tambem um toque oriental. A mata e bem distinta. E linda. Nao me canso de olhar.

Chegamos em Chiang Mai ja no comeco da tarde. Saindo da estacao, varios taxistas nos aguardavam, com sugestoes de acomodacao nas proximidades, entao apenas subimos num dos veiculos estacionados ali na porta da estacao. Percorremos pela cidade, que por sinal e encantadora, cheia de belos templos e recortada por uma muralha anciente. Logo chegamos numa pousadinha super bonitinha, decorada com belos moveis de madeira trabalhada e, adivinha, a galera do trem  tambem apareceu por al.

Descansamos durante a tarde e a noite, fomos conhecer os famosos bazares noturnos da cidade. Caminhamos um tanto ate que as barraquinhas comecaram a aparecer, tanta coisa legal, nossa da vontade de comprar tudo o que vemos pela frente! Mas a mochila ja tah pesadinha do jeito que esta, entao, apenas comprei uma sandalia imitacao da marca alema Birkinstocks.

Jantamos ali pelo mercado, numa das varias barraquinhas de comida. Ao voltarmos para o hotel, os mochileiros do trem tavam ali pela piscina. Comprei umas cervejas e nos juntamos a eles. O grupo era bem variado, umas meninas alemas, um americano, alguns holandeses. Eles estarao indo para a ‘Full Moon Party’ que acontecera na ilha de Ko Phan Gan, onde tambem iremos.  Os donos do hotel tambem aderiram ao nosso grupo e colocaram na mesa um whisky local que era um averdadeira bomba.

A noite foi divertidissima. Pela manha, enquanto tomavamos cafe-da-manha, estudamos o mapa da area. Vi uma menina colocando umas fotos na internet de tigres bebes e fiquei super curiosa: em algum lugar por ali perto deve haver uma reserva. E seria um sonho ir visita-los. Vasculhamos o mapa ate que encontramos o lugar. Alugamos uma motinho e para la fomos.

A reserva nao ficava muito longe e o caminho para la foi bem bonito, pois fora da area urbana, da para ver as montanhas que cercam a cidade. O ‘Tiger Kingdom’ como e conhecido e um santuario onde tigres sao criados para depois serem vendidos para zoologicos. A visita consiste em 3 etapas que variam de acordo com a idade media (e tamanho) dos animais. Comecamos pela maternidade.

Logo que chegamos, fomos recebidos pelos tigres bebes, que ja possuem o tamanho de um cachorro de porte medio. Eles estavam bem agitados, e nao sao nem um pouco timidos com pessoas a sua volta, eles se aproximam, brincam, mordem. No quarto ha um funcionario responsavel em manter os tigrinhos ‘na linha’: com um pedaco de bambu na mao, ele bate na cabeca dos animais cada vez que eles fazem algo de errado, como atacar os turistas por exemplo. Aos poucos o animal vai se acostumando e a necessidade de acoita-los e cada vez menor.

Mas mesmo assim, acho a ideia de domestica-los um tanto distante. Aqueles bichinhos de aparencia fofa, olhos arregalados e patas enormes nao sao gatos grandes. Sao tigres.Nao gostam de ser acariciados e as vezes parece que estao se posicionando para ter o melhor angulo para pular em voce. E ao verem o Al, meu, eles ficaram doidos. Serio mesmo, foi ele entrar no quarto, todos os tigrinhos se aproximaram. Um deles comecou a morder a camisa do Al. Outro, o pe. Mas fora um arranhaozinho aqui e outro ali, nada serio aconteceu.

Dali passamos para a area onde estao os tigres com 6 meses de idade. Novamente, o Al acabou atraindo a atencao deles que, vez por outra pulavam sob ele querendo brincar. Ou eles acharam que ele tambem era um tigrinho, ou ele (o Al) estava com cheirinho de zebra, ahahhaha, o que acho que e mais provavel (ai se ele me ve falando assim…).

No final, fomos ver os tigres maiores, com 11 meses de idade. Neste estagio eles alcancaram apenas 1 terco do seu tamanho adulto, e olha, ja sao enormes! Mas por incrivel que pareca, os maiores foram os mais comportados, acho que a tecnica do bastao de bambu da certo mesmo, pois os maiores, de todos os que vimos, eram os mais tranquilos.

Foi um momento inesquecivel, sentir de pertinho estes animais, tao bonitos quanto perigosos.

Na volta, paramos para conhecer alguns templos. Chiang Mai ostenta mais de 300 templos espalhados pela cidade, quase a mesma quantidade que em Bagkok, mas numa area geografica bem menor, o que confere a cidade uma aurea de encantamento.

As ruas tambem parecem ser menos produzidas, apesar dos ‘hoteizinhos da moda’ que se multiplicam pela regiao. Dizem que no passado a cidade era acessivel apenas por elefantes e por esta razao, ela foi uma das que mais conservou suas tradicoes locais.

E, para conhecer um pouquinho mais sobre estas tradicoes, encerramos a noite com um torneio de Mai Tai, ou boxe tailandes como tambem eh conhecido.
Atravessamos a cidade e chegamos ate a Arena Principal, onde estava acontecendo o torneio. Pelo programa, naquela noite teriamos 11 lutas, algumas delas pela disputa do titulo de campeao, bem como premios em dinheiro.

Olhando pelo programa, e principalmente pelo peso dos lutadores, me senti assistindo a uma competicao escolar, pois o mais pesadinho ali tinha por volta de 60 kilos. Mas nao, embora alguns parecam mesmo com criancas, o tipo fisico das pessoas por aqui e mesmo menor que na Europa e Brasil.

A primeira luta que assistimos foi entre dois menininhos, que deveriam ter uns doze, treze anos. Apesar da pouca idade, ambos possuiam musculos super bem definidos e, com o entoar de uma musica que seguia sempre o mesmo ritmo, trocavam socos e muitas joelhadas entre si. Apesar da pouca idade, eles lutavam como homem feitos e nao deu para nao sentir um pouquinho de pena, pois eles deveriam estar na escola, ou brincando na rua, ao inves de numa arena, praticando um esporte tao violento.

As lutas, com o passar do tempo foram tornando-se mais e mais pesadas. Aonde havia disputa de titulo entao, nem se fala. Todos os movimentos eram seguidos pela plateia que pareciam ir a loucura quando um dos chutes/socos acertavam o oponente em cheio.

Ao lado do ringue, uma multidao parecia alvorocada, homens trocando notas de dinheiro entre eles. Fui la para ver o que estava acontecendo e um rapaz me explicou que ali eles estavam na verdade apostando dinheiro em quem iria ganhar. Achei estranho, pois nao havia uma banca, ou alguem que tivesse encarregado de tomar conta das apostas. Um senhor se aproximou e perguntou quem eu achava que iria ganhar, eu escolhi o homem de calcao azul, ele escolheu o de vermelho e assim, parece que apostamos. Bom, perdi a aposta, mas ele nem deu bola em receber o dinheiro. Nao entendi nada.

Muitas lutas depois (uma ateh com um knockout!), voltamos para nosso hotel. Amanha seguiremos para Luang Pra


Bangkok – Tailandia – 2008

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Por mais que voce leia, se prepare, pegue todas as dicas que puder, chegar num pais novo e sempre um encontro com o inesperado. Fora Mc Leod que juro por Deus, mas parece que sonhei com aquele lugar, todos os lugares que estivemos foi assim, tipo, sair do aeroporto, olhar pro ceu, para as pessoas, ate para o cinzeiro do aeroporto, e se ligar que aqui e tudo diferente….

E, Tailandia, entao, nem se fala. Li o livro de Alex Garland, ‘a Praia’ e tambem assisti ao filme, por isto, a ideia que tinha de Bangkok era aquela visao, ruas cheias, galinhas cruzando as vias, barraquinhas espremidas no meio da calcada vendendo sangue de cobra, essas coisas.

A cidade começou como um pequeno centro comercial e comunidade portuária,  servindo a cidade da Ayutthaya, que era a capital de Siam até que caiu nas mãos de Birmânia em 1767. Em 1782, a capital foi estabelecida em Thon Buri (agora parte de Bangkok) no lado oeste do rio. O rei Rama I construiu um palácio sobre a curva do rio e fez de Bangkok a sua capital, renomeando-a Krung Thep, que significa “cidade dos anjos”.

Uma curiosidade e que a cidade tambem esta listada no livro Guiness dos recordes, porcausa da extensao de seu nome original que na integra le-se: Krung Thep Mahanakhon Amon Rattanakosin Mahinthara Yuthaya Mahadilok Phop Noppharat Ratchathani Burirom Udomratchaniwet Mahasathan Amon Piman Awatan Sathit Sakkathattiya Witsanukam Prasit, ufa!

Descemos e logo tomamos nosso rumo ate a Kho San Road, o reduto dos mochileiros na cidade. Ali, a rua principal e fechada para o transito, e e lotada por barraquinhas vendendo desde roupas de praia, varios DVDs piratas, vestidinhos lindinhos, artesanato, etc. Uma barraquinha em especial me chamou a atencao, pois atraves de um cartaz oferecia forjar documentos como carteira de motorista, RG, Diplomas, etc…

Depois de nosso perrengue todo na noite anterior, decidimos pegar um hotel melhorzinho e, achamos um ali nas proximidades por meros 60 Reais/noite, com direito a piscina e tudo mais. Cheio de barzinhos em volta e bem em cima do 7Eleven, que pipocam a cada esquina deste pais. Tudo tao facil e bem ali a nossa frente que, depois de nosso dia em Calcuta, nao houve como nao fazer a comparacao: a India era a realidade nua e crua, fascinante, mas que nao faz forca para agradar. A Tailandia e o sonho, e a anfitria que te recebe cheia de sorrisos e flores.

Deixamos nossas coisas no hotel e fomos tomar uma cervejinha na area. Os bares por ali fervem de turistas. Muitos homens de meia idade sozinhos, outros acompanhados por tailandesas, varios grupos de nacionalidades diversas, o clima geral e de festa. Caminhamos por entre as vias, passando por varios restaurantes tipicos, decorados com flores diferentes, bambu, plantas. O clima no ar e tropical, um calor gostoso que me fez lembrar do Brasil. E ali, logo de cara vi que vou adorar este lugar.

Ainda meio cansados da viagem, apenas perambulamos em nosso primeiro dia. Fomos ate as proximidades do Rio Chao Praya e, com o cair da tarde, paramos num dos restaurantes para jantar. A comida tailandesa e um atrativo a parte. A combinacao de sabores e aromas e simplesmente maravilhosa, apesar de algumas vezes ser um tanto apimentada.

Terminamos a noite num barzinho de Ko San rd. No dia seguinte, saimos para explorar um pouco a cidade, entao pegamos um taxi ate a estacao onde sai o Skyline Train, um trenzinho que corre por trilhos elevados, como o projeto do Celso Pitta, o fura-fila (que fim levou ele?).

Mas as estacoes sao limpas modernas e nos trens ha uma diversidade de tipos de pessoas diferentes: executivos indo para o trabalho, os turistas (por todos os lugares), os sex-pats (cinquentoes europeus que visitam o pais em busca de ‘amor’), estrangeiros a trabalho pela cidade alem daquelas mocinhas lindas mas com um pe tamanho 42 e o carocinho da maca do Adao no pescoco.

Caminhamos o dia inteiro e terminamos a tarde na piscina, que fica no ultimo andar de nosso hotel. A vista la de cima e maravilhosa e dali, com o aproximar da noite, ja da para escutar o aumento gradual do borburinho nas ruas abaixo. A noite, Bangkok se transforma.

E aquela ideia de incosciente coletivo, onde as pessoas por saberem que estao em Bangkok sentem aquele desejo de cair na noite atras de diversao. Ou o contrario, Bangkok e assim porque todo mundo foi para la meio mal intencionado….

E fizemos o mesmo. Desde que assisti a ‘Priscila a Rainha do Deserto’ e tambem apos ouvir as historias de amigos meus que vieram para ca e assistiram ao ‘Ping Pong’ show, fiquei curiosa de saber se era mesmo fato ou boato. Entao fomos ate a area de Pat pong. Ha alguns anos atras, a area era um verdadeiro supermercado do sexo. O publico era formado fortemente pelos cinquentoes que mencionei acima, mas hoje, embora eles ainda estejam na area, o lugar tambem e frequentado por turistas de todas as idades.

Ao caminhar pelo mercado noturno, no calcadao entre as boates, varios tailandesinhos vieram nos abordar. O esquema era sempre o mesmo: chegavam com um papel na mao, onde escrito havia uma lista enorme de coisas como ‘Pussy smokes, Pussy Writes letters, pussy rainbow, pussy this, pussy that…’ . Aparentemente, estas eram os atos dos shows acontecendo nas imediacoes.

Depois de nos certificarmos de quanto iriamos pagar, porque nada e de graca nesta terra, entramos. O lugar era pequenininho e a luz vermelha ja era um sinal do que estava pro vir. No palco, algumas tailandesinhas dancavam de biquini, ate que alguem trouxe um bolo de aniversario. Uma das meninas se posicionou bem acima dele e, tirando a parte debaixo do biquini, assoprou as velhinas com aquela parte mesmo que voce esta pensando.

A segunda entrou em cena e colocou um papel no chao. Se aproximou do Alistair e perguntou o nome dele. Colocou uma caneta bem la na perereca e comecou a escrever uma cartinha para o Al. Nossa, olha nunca pensei que esta parte do corpo humano fosse tao cheia de utilidades!

O show tava engracadissimo ate que a certa altura, uma banana voou do palco para nossa mesa!!! Meu, e a menina veio nos pedir para pegar e dar para ela. Eh claro que nao! Tah louca???

Enfim, muito habilidosas, elas demosntraram todas as acrbacias que estavam na listinha. E enfim chegou a hora do ping pong show…A menina sentou com as pernas abertas, colocou a bolinha la dentro, deu uma raquete para o Alistair e assim, a tres, quatro metros de distancia, sacou a bolinha longe. E ainda mirou na raquete!!! Muito, muito engracado. O show em si eh ‘sleazyyyy’ ateh nao poder mais, mas eh divertidissimo.

Saimos do bar e fomos comer nas barraquinhas da rua. Aqui eles fazem tipo um churrasquinho na rua que e uma delicia. Alem de noodles e stir-fries. E ali, nas mesinhas de ferro, com um chicken-sate numa mao e uma cervejinha na outra, ficamos apenas assistindo ao vai-e-vem de gente.

Ate que o Al uma hora vira para mim e diz ‘Olha o que tem bem atras de voce!’. Olhei, vi um tailandesinho me empurrando um saquinho de comida, recusei, olhei para o Al e balancei os ombros como quem diz ‘So What?’. ‘Olha de novo!’.

Olhei e tinha um elefante bebe enorme atras dele. Pulei da cadeira de susto. O elefante estava super inquieto, balancando a tromba para todos os lados.

Aquela cena foi tao surreal que nem eu mesma acredito. So mesmo em Bangkok voce topa com um elefante nas ruas. So mesmo em Bangkok as mulheres atiram bananas com a perereca! Impressionante. Mas depois lendo mais sobre o assunto, aparentemente, devido a grande desmatacao no pais, os elefantes migraram mesmo para a cidade e viraram mendingos, acompanhados de um espertinho que deixa o animal ficar faminto para vender comida para os turistas poderem alimenta-los. Morri de do.


A noite estava otima, mas acho que ficamos satisfeitos com as doideras que vimos hoje entao voltamos para Ko San Rd. Nao era muito tarde, mesmo porque os bares aqui fecham cedo mesmo, por volta da 1h da manha. A rua estava em estado de calamidade publica, muita gente caida pelas sarjetas, uma bagunca!

No dia seguinte, resolvemos fazer um pouco mais de turismo, pois ate agora nao fomos a muitos lugares tipicos, o que na verdade, nem eu nem o Al achamos ruim, mas enfim… Alugamos umas bicicletas, que aqui sao gratuitas e saimos pelas ruas do centro, mas sao tantos templos para conhecer que ficamos meio perdidos e escolhemos por visitar o Wat Pho, onde esta o Budha deitado.

O lugar e simplesmente maravilhoso. A estatua gigantesca do buda deitado e simplesmente fantastica. Apesar de a primeira vista parecer que colocaram ele deitado porque ia ser um trabalhao construir o templo se ele estivesse em pe! Brincaderia….Na verdade a posicao remonta a passagem de Buda para o Nirvana.

Dali seguimos ate o Grand Palace, a residencia oficial do Imperador. Alias, ha fotos da familia real espalhadas pela cidade inteira, pois em agosto foi o aniversario da imperatriz. Dizem que zombar ou criticar o imperador por estes lados de ca e crime penitenciavel.

Continuamos nosso passeio, cruzando pelas ruas da cidade, comprimentando as pessoas que cruzavamos no caminho. Nao e a toa que chamam a Tailandia de terra do sorriso. As pessoas aqui sao tao doces, tao afaveis que a cada minuto tenho vontade de parar e conversar com cada um que encontro.

Voltamos para o hotel ja no fim da tarde e terminamos a noite num restaurante maravilhoso. No dia seguinte, fizemos o check out do hotel e, como nosso trem para Chiang Mai somente sai a noite aproveitamos para nos despedir da cidade com uma sessao de thai massagem.

Diferentemente da sessao que fiz na India, aqui a massagem e muito mais fisica. Ela e feita sob a roupa, e envolve bastante alongamentos e relaxamentos. Tambem a massagista usa bastante forca fisica, que na hora podem parecer dolorosos, mas o resultado e excelente.

Saimos de la felizes da vida. Alias, acho que aqui e a terra do sorriso por causa disto, este lugar e tao bacana que voce chega e sai dali assim: sorrindo!

Kolkata – India

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Segundo nosso roteiro inicial, teriamos alguns dias em Bodh Gaya, onde Buda recebeu sua iluminacao espiritual, e mais alguns dias sobrando em Calcuta, que agora eh conhecida como Kolkata.

Bem, depois de varias consultas com residentes locais no pais, acabamos descartando a ideia de ir ate Bodhgaya, pois a regiao estadual onde se encontra (Bihar) esta num estado de calamidade publica: guerras de castas constantes, assassinatos quase diarios, bandidos bloqueando a estrada e assaltando onibus de turismo, enchentes, surtos de malaria, enfim todas as razoes possiveis para passarmos longe dali, mesmo estando bem em nossa rota a Kolkatta.

Em relacao a esta ultima, ate agora nao sabemos o que aconteceu, mas os dias que teriamos, resumiu-se a apenas algumas horas, uma vez que nosso voo para a Tailandia sai as seis da manha do dia seguinte.

Sem muito tempo disponivel, quando chegamos na cidade apenas procuramos pela area do aeroporto, a procura de um hotel onde pudessemos descansar um pouco.

Cruzamos a cidade praticamente, e pelo caminho, pudemos vislumbrar um pouquinho da terceira maior cidade da India. Como todas megacidades do pais, Kolkatta beira ao caos, o transito eh infernal, as favelas fazem parte de grande parte da paisagem, criancas tomando banho com a agua da sarjeta, pedintes por todos os lados, ruas empoeiradas e confusas.

Mas a arquitetura local e no minimo intrigante, entre as caoticas avenidas indianas, predios coloniais no estilo vitoriano britanico, uma lembranca da epoca do British Raj na India, quando a cidade era a capital do pais.

Ao chegar em nosso hotel, lembrei-me da casa muito engracada, aquela que nao tinha teto, nao tinha nada, como Chico Buarque cantava. O hotel tinha teto, mas este estava com um vazamento tao grande, que uma pequena cachoeira vazava sob a grande escadaria.

Se a agua corria em abundancia ali na entrada, em nosso quarto ela era praticamente inexistente, ja que apenas as torneiras da pia funcionavam. Avisamos a recepcao e eles mandarm um de seus funcionarios dar uma olhada no que estava acontecendo e assim, um menininho com pouco mais de dez anos olhava atenciosamente para o chuveiro, sem saber o que fazer. Ai meu Deus!

Fora que ali naquele hotel, bater na porta era um costume inexistente. Um senhor de meia-idade entrou em nosso quarto assim de repente e veio nos perguntar se queriamos uma cerveja. Depois de uma meia hora, (sem bater na porta de novo), ele entrou e tirou a cerveja de dentro de sua calca! Meu humor naquela altura ja estava ficando pesado e, a terceira pessoa que entrou sem bater, um outro funcionario que veio analisar o chuveiro, acabou levando a bronca por todos os outros.

Solicitamos um wake-up call para as tres da manha e, sem banho tomado, nos despedimos da India, com um delicioso chicken tandori.

Refletindo sobre os ultimos meses, quando atravessamos o pais de Sul ao Norte e agora de Oeste ao Leste, senti-me gratificada por tudo o que aconteceu ali, mesmo com os perrengues, mesmo com as dificuldades.

Viajar pela India nao e facil, nem para quem ja mochilou pela Europa, e um exercicio constante de paciencia, olhar por cima das dificuldades, controlar o espirito, enxergar mais alem.

Nem sempre consegui fazer isto, as vezes confesso que praguejei todos os Rajs por nao achar uma cash machine que nao tivesse que andar mais que dois quilometros. Torci o nariz as vezes e imaginava ver o molho de ‘barata-massala’ nas barraquinhas simples e sujinhas, sofri com o calor as vezes insuportavel, corri de pavor dos primeiros ratos que vi na rua, me perdi na caoticidade de suas vias, sempre superlotadas de pessoas.

Mas enquanto arrumava minha mochila, vi que o que estou levando comigo e muito mais importante do que tudo isto. Como num trabalho de patchwork, que de longe parece desordenado e nao muito atraente, de perto, e encantador, descobrir a cada instante novos detalhes, dentro desta diversidade de historias, costumes, religioes, tao distintos mas ao mesmo tempo, convivendo lado-a-lado. Ter estado ali foi indescritivel, uma experiencia que pretendo um dia repetir.

Ja comeco a pensar como seria uma segunda vez no pais, e lembro-me das pessoas que encontramos que ja estao na quarta, quinta, sexta visita a India. Tambem aqueles que aqui ficaram, como os ‘long stayers’ de GOA.

Nao consegui dormir e, como estava prevendo, nossa ‘wake up call’ nao aconteceu. No horario de nosso taxi, desci e acordei aquele que deveria ter me acordado, e assim, partimos.

 FOTOS UTILIZADAS NESTE POST: travelblog.org