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Goa – Arambol – 31st – 4th September 2008

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O estado de Goa e o menor de toda a India. Os portugueses inicialmente chegaram ali como mercantes, mas aos poucos foram se apoderando do lugar, ate domina-lo totalmente, durante o seculo XVI e ali permaneceram ate 1961, quando GOA foi anexada a India.

Considerando que nao fazem nem cinquenta anos desde sua partida, era de se esperar uma influencia cultural maior. Atualmente, somente os habitantes mais idosos falam o portugues e, apesar de haverem negocios com sobrenomes portugueses, os casaroes coloniais, bem como as igrejas, sao as marcas mais explicitas do seu passado europeu.

No caminho para Arambol, pela estrada de terra, vez por outra cruzavamos uma destas construcoes, e, apesar de parecerem abandonadas, continuam impressionantemente belas, apesar da pintura descascada e jardins abandonados.

Chegamos em Arambol no final da tarde e, logo que deixamos nossas malas, fomos ate a praia. A costa nao e das mais belas, o mar e ate meio lamacento, mas no canto direito ha um lago de aguas doces, como aquele na Praia da Guarda, no Sul do Brasil.

Quando chegamos no lago, alguns turistas circulavam por ali. Alias, a atmosfera em Arambol e bem sociavel, nestes pontos de encontro onde os turistas geralmente vao. Ali na areia, entre mar e o lago, conhecemos Cris, um americano de Tennesse que havia largado a faculdade para viajar pela India. Ali tambem conhecemos a Iada, uma austriaca que havia chegado para trabalhar numa associacao de caridade.

Quando comecou a escurecer, fomos jantar num dos restaurantes na frente da praia. Alias, na praia mesmo, uma vez que as mesas sao sob a areia. Ali, com o ceu super estrelado, a luz de velas, saboreamos um otimo curry de camarao.

Apos o jantar, fomos para o bar vizinho que a noite passa filmes piratas e tem mesas de snooker. Encontramos com o Cris, que estava numa mesa com um alemao, chamado Patrick e dois indianinhos, Raj e Prakesh, da regiao de Manali e ali, entre varias cervejas, passamos nossa primeira noite em Arambol.

Na manha seguinte, depois de tomar um cafe da manha delicioso ali de frente para o mar, seguimos para o lago.

Cris apareceu por la, com um grupo de ingleses e ficamos por ali, conversando, nadando e tentando fugir das vendedoras de bugigangas que nao nos davam sossego. A certa altura, quando estavamos todos dentro da agua, elas sentaram num tronco e ficaram ali, nos esperando sair, embaixo daquele sol forte. Aquela coisa de ‘Discovery Chanel’ mesmo, o predador vai a caca nas proximidades da agua, porque sua presa ira para aquela regiao a uma certa altura…

Quando sai da agua, comprei um colarzinho para ajuda-las, mas assim que fiz isto, umas outras tres me cercaram…Prometi para mim mesma que nunca mais iria fazer isto, pois to ficando com um monte de bugiganga que nao vou usar e ao inves de me deixarem em paz, ai que elas colam mesmo!

Dali, subimos ate uma montanha proxima,cruzando por um pequeno rio.

Ao chegar ao topo, encontramos uma bela banyan tree (figueira) , que parece ser o local preferido dos campistas, o que eu acho uma loucura, pq a area ainda eh super florestal e deve ferver de mosquitos!E, francamente, voce precisa gostar muito de camping para acampar na India, onde o preco da hospedagem chega a 150 rupias (menos de 10 Reais).

A noite, seguimos para o ‘nosso’ barzinho na praia. Ali, encontamos o Cris, Patrick, Raj e Prakesh. Enquanto o Alistair e eles se revezavam na mesa de sinuca, comecamos uma conversa animada sobre os habitos e costumes da India.

Ha algumas semanas atras, um turista briacaco havia tentado arrancar uma cruz do chao, na frente de uma Igreja em Arambol. Inicialmente foi confrontado por alguns locais. A confusao foi atraindo mais e mais pessoas que ao saberem do ‘feito’ do infeliz, resolveram por ali castiga-lo e o lincharam ate a morte, ali mesmo, bem ao lado da cruz.

Linchamentos publicos, crimes por honra, guerras de castas, tudo isto ainda e bastante presente na realidade do indiano. E nao e apenas fofoca de bar nao, comprei uma revista, tipo a Veja e, do comeco ao fim, a revista veio recheada de artigos sobre isto.

Na mesma noite, Raj ao saber que era do Brasil, veio me apresentar o dono do bar, o Joao, de Portugal. Ele era um militar aposentado, que havia vendido tudo em Portugal e imigrado para Goa. Eu ja o havia visto na praia, pois assim que ele pisou na areia, todos os cachorros da praia correram em direcao a ele e comecaram a latir. Fiquei intrigada, mas agora entendi: e ele quem os alimenta!

Tambem nesta noite, conhecemos  um portuguesinho que havia terminado a faculdade em Portugal e decidido fazer mestrado em Goa (!). E havia chegado a Arambol ha tres anos atras, se apaixonou pelo lugar e resolveu ficar por ali. Passamos a noite inteira conversando e combinamos de na noite seguinte ir ate a uma rave. Nao perguntei o que ele fazia para sobreviver em Goa, mas ao ver ele e o Raj conversando sobre o que levariam para a festa, entendi que ele deveria vender drogas.

Nao tenho nada contra drogas leves. Muito pelo contrario. Mas drogas pesadas, cara, ach que sao baixo astral. E na India toda tem uma leva de turistas que vem para ca apenas atras de ‘brown sugar’, heroina. Alguns vem para ca apenas com este intuito, compram o maximo que podem (que aqui e barato) e passam semanas completamente fora de si, para depois voltarem para seus paises, onde retornam as suas vidas normais.

Eu realmente nao vejo o ponto em tudo isto, mas enfim, cada louco com a sua mania.

No dia seguinte, eu, Al, Cris, Patrick e um inglesinho que nao lembro o nome alugamos umas motinhos e fomos explorar a regiao. O caminho ate la foi fantastico, passando por vilas, casebres, campos. Numa destas passagens, Cris derrapou com a moto e teve um pequeno acidente. Os habitantes da vila logo se prontificaram a ajuda-lo, e trouxeram um copo de agua, ja que ele parecia bem nervoso. Ao ver o copo, acho que ele ficou ainda mais nervoso, pois todos os guias de viagens sobre o pais te dirao para ter cuidado com a agua. Tambem dizem que 70% das pessoas sofrem de diarreia nas primeiras duas semanas, mas ate agora nada aconteceu, nem conosco, nem com todos que encontramos no caminho, ja que esta virou uma pergunta tipica entre os mochileiros na India.


Nosso destino era um forte que ficava numa peninsula oposta onde estavamos. Para chegar la, pegamos uma balsa.

O comandante, ali de sua cabine, de repente me chamou para ir ate la em cima. Fui, pensando que dali poderia tirar uma foto e pronto. Ele me chamou e, largando o leme, gesticulou para que eu assumisse o controle. Achando que daria uma bela foto, topei.

Ele entao, de repente se afastou e deixou a balsa sob meu controle total. Apos alguns minutos e, com a foto feita, quiz devolver o leme para ele, mas ele nao aceitou.

Cara, que loucura, nao so dirigi a balsa o caminho inteiro, como tambem


tive que estaciona-la. Gente estes indianos sao loucos!!! Por isto to amando este pais, hahhaa, imagina em nenhum lugar do mundo eles me deixariam fazer isto !!!


Fomos ate o forte (que hoje funciona como um hotel) e na volta, decidimos voltar ate Anjuna, pois toda quarta-feira tem um mercado de rua que e bem conhecido. Eu e o Al estavamos receosos de chegar la e encontrar um monte das vendedoras insistentes da praia, o que seria um inferno, mas enfim, pegamos a estrada para la.


No caminho, avistamos o portuguesinho que conhecemos no bar, empurrando a sua motinho. Achamos que ele estava sem gasolina, por isto, eu e o Al logo paramos e fomos ver se estava tudo OK. Cara, tentar falar com ele era inutil: ele estava completamente fora de si, salivando muito e suando mais ainda. O olhar perdido nao nos reconhecia e nao havia nem a sombra daquele cara bacana e inteligente com quem passamos a noite conversando. Perguntei se ele queria uma agua, mas quando fui buscar, os outros motoqueiros que estavam conosco retornaram para ver porque haviamos parado e, com isto, ele se assustou e continuou empurrando a moto, so que com mais velocidade. Pensei que ele nao queria ser incomodado e fiquei mais tranquila de ver que ele teve o bom senso de empurra-la ao inves de dirigi-la.


Uns dez quilometros mais para frente, encontramos com o Mauricio, (acho que israelense) que tambem conhecemos na noite passada. Gente, ele tava bem numa destas vilas bem simples que passamos, caido no chao, completamente desmaiado, uma de suas pernas estava caida bem no que pareceu ser o esgoto da vila, galinhas passavam pelo seu corpo, as pessoas desviando e ele la caido. Foi chocante. Claro, eles devem ter tomado um ‘smack’ ha alguns minutos atras e agora tavam assim, doidoes. Nunca havia visto alguem ter viagem de ‘smack’ e confesso, nunca mais quero ver: ali, completamente desmaiado, a expressao facial que a pessoa fica eh de terror e nao de paz, quando esta apenas dormente. Alem disto, em viagem voce fica normalmente num estado de alerta meio que constante, nao paranoico, mas sim de cuidado. E ali, caido, qualquer pessoa poderia fazer o que quizesse com ele que ele nem sentiria. Pessimo.

Chegamos em Anjuna, mas infelizmente o mercado ainda nao estava funcionando (somente a partir de OUtubro – Dez), entao fomos ate o Chillies, no final da praia, comer lula a dore.

Na volta, as vendedoras de Anjuna (que sao muito mais hardcore que as de Arambol) cercaram Cris e Patrick e, eles levaram uns bons 20 minutos para se livrarem delas.

No caminho de volta, de longe vimos uma multidao no meio da estrada. Ao nos aproximarmos, pudemos ver o que restou do acidente que havia acabado de acontecer. Duas motos se chocaram, acho que praticamente de frente, ja que nao havia marcas na estrada de pneu, apenas um solitario capacete repousado no asfalto. As motos, ambas, estavam num estado assim, chocante, uma delas, o eixo das rodas, o guidao e a lataria da frente havia tomado o contorno de uma linha reta, a outra, uma destas motinhos de turistas como as que estavamos usando, estava totalmente despedacada.

O impacto, para deixar este estrago todo, deve ter ocorrido numa velocidade alta, o que e estranho, em goa, fora os onibus, a maioria das pessoas dirige com cuidado.

Retornamos nossas motos assim que chegamos em Arambol e fomos jantar. Mais um jantar, com as estrelas, comida deliciosa e barata….Ai, Goa, voce e a minha ideia de paraiso…

Seguimos para o nosso bar, como uma rotina que em poucos dias criamos, encontramos com as pessoas de sempre, Prakesh veio nos chamar para a rave, mas tava um pouco cansada do dia, entao deixei para la. Nem sinal dos meninos que conhecemos na noite passada…

Na manha segunte, arrumamos nossas coisas para ir embora, com o coracao apertado. Passei na loja do Prakesh para me despedir e, recebi a noticia: o acidente que vimos na estrada era mesmo o portuguesinho do bar. Ele havia sido levado para o hospital, sofreu traumatismo craniano e lesoes cerebrais ate o momento tidas como irreversiveis. Os meninos que o visitaram no hospital disseram que ele apenas mexia alguns dedos e nao falava coisa com coisa.

Como uma historia em quadrinho, vi todas as cenas dos acontecimentos, ele combinando com o Raj dasdrogas que iria pegar, ele na estrada carregando a moto, o Mauricio ali caido, as motos destorcidas do acidente e agora, o Prakesh me dando a noticia. Provavelmente, nos fomos as ultimas pessoas a conversarem com ele pelo que parece, ate o final da vida dele.

Acho que quando ele melhorou, ele provavelmente tentou dirigir mas se esqueceu que em Goa os sentidos sao contrarios, como na Inglaterra. Sai de la com uma sensacao pesada no estomago, nos poderiamos te-lo impedido de voltar para a estrada, mas sera que seria suficiente? Acho que nao, pois quem entra nesta onda de heroina, coloca a vida toda na contra-mao, o tempo todo.

Margao – Anjuna – 27 – 30 th August 2008

sábado, 27 de setembro de 2008

Ao ouvir falar sobre a India, o primeiro lugar que me vinha na cabeca era Goa. Alguns amigos haviam estado no lugar e tudo o que me falavam se resumia a uma unica frase: ‘Goa e demais’. Um amigo em particular somente me dizia que era fantastico, sem saber me explicar o por que.

Pegamos nosso trem noturno de Calicut a Goa e, com nossas ‘caminhas-banco’ armadas, aguardavamos pelo jantar. Ate que, senti uma comocao passando perto de minhas pernas, apenas para constatar dois ratos enormes circulavam por entre os bancos. Nao preciso dizer que perdi o apetite esta noite…

Chegamos em Margao, Goa por volta das duas da manha. A estacao estava lotada de corpos, dormentes que deveriam estar aguardando o proximo trem. Uma coisa que estou notando cada vez mais na India e que a qualquer hora, em qualquer lugar, os lugares sao lotados. O segundo pais mais populoso do mundo parece ter sido infestado por humanos, que profliferam em uma escala exorbitante, para dividir entre eles o que ja e escasso e o resultado e a falta: falta comida, falta trabalho, falta saneamento basico, falta condicoes minimas para qualquer ser humano sobreviver.

Fomos ate os ‘pre-paid’ taxis e varios motoristas nos disputavam a tapas. Pegamos um taxi ate um hotel local, ignorando nosso taxista que insistia que iria estar fechado e que deveriamos seguir para o hotel dele…OUtra coisa que estou notando, as pessoas mentem pra cacete pra voce quando voce desce do trem. O hotel estava aberto e ali ficamos ate o amanhecer do dia, quando pegariamos o onibus para Anjuna.

No caminho para la, uma estranha senhora saiu do lugar dela para sentar bem ao nosso lado. Ela empurrou umas sacolas para o colo do Alistair, e veio puxando conversa, mas eu achei a coisa toda meia estranha. ela era meio estranha mesmo e, quando o cobrador chegou, fez questao de pagar nossa passagem.

Fiquei cismada, achei que ela queria alguma coisa, mas assim que chegou a parada dela, ela desceu calmamente e ainda nao entedemos direito o que aconteceu.

Chegamos em Anjuna no comecinho da tarde e, proximo a parada do onibus, paramos num cafe com vista para o mar. Estavamos curiosos para saber como seria a praia ali. Goa tem uma vasta selecao de praias e cada uma tem a sua caracteristica, escolhemos por Anjuna por combinar a melhor praia desta parte da costa como tambem uma agitada vida noturna.

Por isto, ao olharmos pela sacada do bar e ver o rochedo abaixo de nos, nos sentimos um pouco desolados, pois areia mesmo, nao havia muita. De um dos casebres ao lado do bar, um senhor de meia idade parecia ocupado tentando se desfazer de seu lixo, e dali de sua casa, jogava na praia sacos enormes repletos de sei-la-o-que. A certa altura, ele comecou a jogar lampadas fluorescentes, que se estilhacavam ao chegar na areia e fizemos uma nota mental para nao pisar naquele pedaco ate o final de nossa estada.

O al encontrou uma pousada bem legal, literalmente na frente da praia, que nao era nada parecida com o pedaco que vimos quando estavamos no cafe. Deixamos nossas coisas e fomos caminhar na areia. Estamos meio que fora da temporada, pois muita gente nao vem para a India nesta epoca porcausa das moncoes, mas confesso, ou fomos extremamente sortudos ou o global warming as esta extinguindo, porque fora uma noite em Varkala, nao vimos nem sinal das chuvas torrenciais.

Mas de qualquer forma, Anjuna nos pareceu bem mais vazia do que estavamos esperando. Mas sem problemas, a praia e linda e bem no final dela, no canto esquerdo, encontramos um bar otimo, que parece ser o ponto-de-encontro entre os hippies locais, bem como os mochileiros.

Ali, saboreando uma otima ‘sweet lime soda’, assistimos ao por do sol.

O bar, apesar de nao estar assim bombando, estava lotado de uma galera no minimo interessante. Os ‘long stayers’ (como assim sao conhecidos a galera que veio, se apaixonou e por ali ficou) parecem ser formados por pessoas de idades e  nacionalidades diversas.  Muitos estavam calamamente fumando seu baseado, ao som de um excelente trance, esperando pelo sol se por como nos.

A certa altura, um indianinho montadesimo veio nos perguntar se tinhamos haxixe. Com sua camisa de seda preta, com bolas brilhantes e gel no cabelo, parecia totalmente desambientado. O nome dele era Rajel, era de Mumbai e havia viajado para Goa atras de balada, mas estava decepcionado de ao inves dos grandes clubs, encontrar apenas hippies naquela epoca do ano.

Sem tempo a perder, saiu perguntando para o bar inteiro se eles tinham haxixe. A certa altura, um indiano de pele morena, que estava fumando um baseado com os hippies se ofereceu para ir buscar para ele. Rajel deu assim, de cara, 1000 rupias na mao deste cara que ele havia acabado de conhecer. E assim, aguardando pelo indiano, Alistair e Rajel passaram a noite jogando sinuca. E o cara, claro, nao apareceu mais.

Voltamos meio ‘altinhos’ de nossa primeira noite em Anjuna , a mare estava alta e cobriu o caminho pela praia que usamos para chegar ate o bar (que se chama Chillies, by the way). Entao, tivemos que desvendar nosso caminho por tras do bar, no escuro.

Fomos seguindo uma estreita trilha, ate que ela se dividiu em varias outras trilhas menores e, inevitavelmente, nos perdemos.

Avancamos (ou regressamos) no que nos pareceu ser o caminho certo, so entao para cairmos na real de que estavamos cruzando os quintais dos casebres locais. A certa altura, caimos num campo que pareceu estar lotado por grandes formigueiros, ou pequenas montanhas, na escuridao nao podiamos dizer ao certo. Ate que um dos formigueiros comecou a se mexer. Acendi meu isqueiro e vi que estavamos cercados por vacas, deitadinhas no campo, cochilando.

Mais a frente, encontramos um cachorro que nervosamente latia sem parar para nos. Mais para frente, um outro. O Al ia pouco a pouco os enfrentando, pois ele diz que em situacoes como esta, voce tem que mostrar quem e que manda. Mas, quando o um ou dois cachorros foram se agrupando em dezenas, latindo histericamente ao nosso redor, a coisa comecou a ficar complicada. E, mesmo o Al, com a sua tatica de encarar e berrar de volta a nossos agressores, comecou a ficar preocupado. Um deles parecia a ser o lider da matilha e, ‘querendo se mostrar’ comecou a tomar uma posicao de ataque. Parecia que a qualquer momento ele iria voar em nosso pescoco e, se ele fizesse isto, certamente os outros quinze iriam fazer o mesmo. Comecei a suar frio. Mas continuamos caminhando normalmente.

A nossa sorte foi que, aparentemente, saimos do territorio deles e assim que fizemos isto, eles nos deixaram em paz. E, como que por milagre, chegamos de volta ao nosso hotel.

Assim que o sol saiu, fomos ate o centro de Anjuna, para alugar uma ‘Vespa’, ou scooter como aqui e conhecida. Com nosso transporte resolvido, fomos encontrar Rajel na praia.

Pegamos um pouquinho de praia. A distancia, algumas mulheres vestidas com saris coloridos abordavam os turistas, para comprarem bijouterias, artigos para casa e  lencos indianos. Ao longe, com o colorido de seus saris contrastando com o mar e a areia, formavam uma pintura maravilhosa.

Uma garota com um sari co-de-rosa de repente se aproximou de nos. A conversa comecou como sempre’ What is your name, Where are you from?, I have some nice things, Look, Its Cheap…’ Ela se chamava Nadia,  tinha dezessete anos e ja era casada (com um marido escolhido pelos pais) . Perguntei se eles (os pais) haviam feito uma boa escolha e, Nadia, com um triste olhar apenas balancou os ombros. Nao sei se foi para ajuda-la, ou se fiquei comovida com sua triste historia, mas comprei uma tornozeleira, mesmo sabendo que ela estava me cobrando muito mais do que realmente valia.

Quando o restante do bando assistiu a transacao, vieram correndo. E novamente a mesma serie de perguntas, o que acabou se tornando chato. Saimos dali e com nossa moto, fomos conhecer a vizinhanca de Anjuna.

Existe uma infinidade de praias ha uma distancia de 10, 15 quilometros e de moto, da para conhecer a regiao bem em poucas horas, e assim decidir que praia cairemos em seguida.

O caminho ate elas, e simplesmente maravilhoso. Uma pintura, com ricos campos abertos, muitos, muitos coqueiros e ocasionalmente, casaroes portugueses no estilo colonial.

Alias, a impressao que tive e que estou diante de uma das pinturas do Brasil colonial, aquelas com a paisagem, o casarao e um indiozinho aqui e ali. Mas a vegetacao parece ter sido composta em ‘Bald’, ou ‘Negrito’ aquela tecla que deixa as fontes mais intensas.

A vegetacao de Goa e mais intensa, mais selvagem, menos tocada. E, passeando de moto, contra o vento, cara, acho que atingi o nirvana. Fomos ate Vagator, uma praia famosessima pela balada. De outubro a Dezembro, Goa bomba com bons clubs, praias e turistas. Como ainda e muito cedo, a maioria destes clubs estao ainda fechados, o que eh uma pena. Em Vagator, fomos ate um club que mesmo fechado, nos deixou de queixo caido: que puta lugar para se ter uma balada, no topo da montanha, bem acima da praia e do mar, com sua pista de danca a ceu aberto…Pra mim este e ‘THE PLACE” para se fazer uma balada com certeza.

Vagator, bem como as praias vizinhas estavam bem desertas, ainda mais que Anjuna e assim, desistimos da ideia de seguir para la depois. Nesta tarde, visitamos um forte abandonado, datado de 1617, ao topo de uma das montanhas vizinhas a Vagator.

Dali, seguimos para Morjim, que tambem estava deserta. Entramos com a moto na praia e ali, desviando dos pescadores, corremos com nossa moto e a sensacao, cara, foi incrivel. A unica coisa que pensei foi que ‘Life Can’t Get Better Tha This’. E senti isto o dia inteiro. E impossivel nao ficar feliz em Goa. E impossivel. Meus amigos tem razao. Nao tem como explicar. Goa e demais. E ponto final.