Istambul – Friday – Sunday – 15th – 17th August 2008

Quando nosso onibus chegou na estacao de Sofia, tivemos uma otima surpresa, ele era bem mais confortavel do que estavamos esperando: poltronas espacosas reclinaveis e o melhor, estava bem vazio.

La pela meia noite, cruzamos a fronteira entre a Bulgaria e Sofia. Do outro lado da estrada, uma fila quilometrica de carros e caminhoes passavam pela checagem de passaportes. Ali e o principal ponto de transicao terrestre para a Europa, e o fluxo, mesmo naquela hora da noite era super intenso.

Um pouco a frente, tivemos que passar pela policia federal turca. Todo mundo teve que descer do onibus, com toda a bagagem, e numa fila, aguardavamos o policial, que olhando em nossos olhos, escolhia aleatoriamente as pessoas a serem revistadas. O clima era um tanto tenso, e me lembrou o notorio filme ‘Expresso da Meia Noite’.

Alias, falando nele, dizem que o seu titulo na verdade veio de uma expressao que era utilizada pela policia turca, que, sem condicoes financeiras para condenar e manter prisioneiros de outros paises, apenas retia seus passaportes, ate o julgamento, ‘deixando escapar’ informacoes sobre o trem, que saia a meia noite para a Grecia.

Dali, seguimos para Istambul e la pelas cinco da manha, chegamos na estacao. O motorista nos transferiu para um microbus e aos poucos, ia parando e deixando os seus passageiros. Nao estavamos certos de onde deveriamos descer, e eu, o Al e o Sam, um americano que conhecemos no caminho, confusos, continuamos no onibus.

La pelas seis da manha, chegamos nas proximidades do centro. Pegamos nossas mochilas e iamos seguindo viagem, quando o motorista comecou a falar um monte de coisas em turco, aparentemente ele queria dinheiro, por ter nos deixado mais ao centro. Nao tinhamos notas pequenas, apenas moedas que sobraram dos paises que passamos e, assim, demos nosso trocado para ele, que se contentou em levar um monte de moedas romenas, que nao deveriam valer mais que 5 Reais.

Continuamos em direcao a Sultanahmet, o distrito onde a maioria dos pontos turisticos e albergues da juventude se concentram. Em nossa caminhada, com o amanhecer do dia como cenario, esbarramos com os fundos da Mesquita Azul, sem querer.

Ali, de frente para aquele monumento, naquela hora do dia, tive a sensacao de que voltamos no tempo, quando Istambul ainda era Costantinopla, ha mais de mil anos atras.

Continuamos passando por estreitas ruas de paralelepipedos e casas de madeira, ainda reminiscentes do periodo do Imperio Otomano, uma viagem no tunel do tempo!  Atravessamos patios e mini-bazares, com muitas lojinhas de tapetes e antiguidades, ainda adormecidas. Ate que chegamos na parte antiga de Sultanahmet, nas proximidades do Mar de Marmaris.

Ali em especial, parece ser o reduto dos mochileiros, com uma sequencia de albergues, hospedados em predios de tres ou quatro andares, com bares abertos na cobertura, com vista para o mar, e restaurantes no nivel terreo, com carpetes na calcada, almofadoes e narguiles.

Encontramos um bom hotel por ali, e nos despedimos do Sam. Tiramos algumas horinhas de descanso e fomos explorar a regiao. Nossa primeira parada foi na Mesquita Azul, que leva este nome devido a coloracao de seus mosaicos internos. Na regiao onde se encontra, bem de frente a ela, esta a Aya Sofia, construida na epoca de Justiniano,  e com o intuito de figurar como a mais bela das Basilicas catolicas do mundo.

Quando Constantinopla foi dominada pelos turcos otomanos em 1453 DC, a Igreja foi convertida em mesquita, como aconteceu com varias igrejas da cidade. Atualmente, funciona como um museu.

A Mesquita Azul por sua vez, foi construida no periodo do Sultao Ahmed, no mesmo terreno onde constavam o palacio dos Imperadores do periodo Bizantino. O intuito era o de se criar uma mesquita ainda mais magnifica que a Aya Sofia.

Se a beleza e imponencia da Mesquita impressiona de fora, por dentro ela e ainda mais fascinante, toda decorada de cima abaixo por mosaicos de azulejo azul, com belos vitrais.

 

Saimos de la e fomos conhecer um dos famosos bazares turcos. Chegamos ate o Grand Bazaar sem maiores dificuldades, e ali, nos perdemos entre seus estreitos labirintos. Os bazares sao um espetaculo a parte: dezenas de barraquinhas vendendo de tudo, desde de joias, especiarias, ate roupas e claro, muitos tapetes. 

Fomos interceptados por varios vendedores locais que, com um simpatico sorriso e as palavras magicas ‘Hey My Friend’ tentavam nos engajar em suas praticas comerciais. Alias, acho que na Turquia, eles teem os melhores vendedores do mundo e o poder da barganha, parece ser um esporte nacional, praticado com gosto nas ruas de Istambul.

Empolgados com a atmosfera do local, aceitamos o convite de um dos comerciantes para conhecer sua tapecaria, o que provou ser uma experiencia, no minimo interessante, ja que aos poucos, ele foi nos cercando de tapetes maravilhosos, enquanto contava um pouco sobre as caracteristicas e as vilas onde haviam sido confeccionados.

Realmente, eles parecem obras de arte, mas, como explicamos para o vendedor, levar um tapete destes na mala, em nossa longa viagem, somente se ele voasse!!!!

Terminamos o dia com uma cervejinha num dos bares do distrito onde estavamos hospedados. A noite estava linda. Pela rua, os bares, com suas calcadas cobertas com carpetes e almofadoes, estavam lotados de mochileiros.  A certa altura, a luz acabou no bairro inteiro, mas sabe como e ne?

Mochileiros nao desanimam com quase nada, e assim continuamos por ali, iluminados apenas por velas, o que deixou a atmosfera ainda mais de ‘Mil e Uma Noites’. 

No dia seguinte, ainda estavamos sem energia eletrica (e ninguem sabia nos informar o que havia acontecido).  Tomamos rumo destino ao Topkapi Palace,  a residencia oficial dos sultoes desde 1462 quando foi construido ate o seculo XIX.  O palacio na verdade e um complexo gigantesco, que faz o Buckingham Palace parecer um simples casebre. Ali, entre vastos jardins, palacetes e livrarias, tambem esta um complexo com 400 quartos, que era utilizado como ‘harem’.

Visitar o palacio e uma experiencia que merece algumas boas horas, pois alem de gigantesco, ele tambem hospeda algumas interessantes exposicoes, como por exemplo, parte do tesouro de seus sultoes.

Tambem, numa alcova especial, estao reliquias religiosas que antigamente estavam em Mecca, mas que com o aproximar da Primeira Guerra Mundial, foram recolhidas pelo Sultao, em ordem de protege-las (mas que nunca foram devolvidas). 

Entre elas, estao o cajado de Moises (aquele que dividiu o mar!), fiapos da barba do profeta Muhamed, bem como um de seus caninos.

 

Pegamos o bondinho e viajamos no tempo para conhecer a Istambul atual. Fomos ate a area de Beyoglu, com seus restaurantes e modernos cafes que transmitem a impressao de estarmos dentro de uma outra cidade.

Voltamos caminhando, e assim que cruzamos a Ataturk Bridge, o dramatico entoar do chamado das mesquitas alertavam os fieis a fazerem suas preces, tornando-as distintas na paisagem.

A Yeni Camil, uma das maiores da cidade, estava bem a nossa frente, seguida por outras menores, mais distantes na paisagem porem numerosas. O cantico pareceu ser bem coordenado, iniciado pela maior, seguido pelas demais e tornou o cenario daquele grupo de mesquitas ainda mais fascinante.

Passamos pelo Mercado de Especiarias e retornamos a nosso distrito que, pra variar, ainda estava sem energia eletrica…

O dia seguinte, utilizamos para fazer um tour rapido pela costa do Mar de Marmara, pois a noite comecamos nossa longa jornada em direcao a India. O tour na verdade acabou levando duas horas, e pra ser sincera, foi bem sem -graca. Na volta, paramos para almocar nas proximidades num dos restaurantes-barcos ali do porto. Na verdade, nos barcos ficam apenas a cozinha e as mesas, na lage a sua frente. Mas sao engracadissimos, pois o mar muitas vezes se agita bastante e os cozinheiros dao um show, cozinhando balancando fortemente de um lado para o outro!

 No final do dia, seguimos para o aeroporto. Adorei Istambul, com toda a sua estranheza e fascinante historia. Estar aqui, no palco de tantos acontecimentos importantes de nossa historia, foi emocionante, e quero muito um dia voltar aqui! Inshalla!

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